Normalmente castigado pelas secas, o Sertão tem enfrentado tanta chuva que a lavoura começa a se prejudicar. Pelo menos, no Sertão do São Francisco. Só em Petrolina – município localizado a 769 quilômetros do Recife – cerca de 2 mil produtores de frutas contabilizam cerca de R$ 60 milhões em prejuízos. Tudo por conta das chuvas atípicas registradas desde o dia 9 de dezembro.
De acordo com o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina, já foram perdidos nada menos de 30 mil toneladas de mangas e uvas. A produção dessas duas frutas se concentra no Vale do São Francisco, principalmente em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). A região responde pela terceira maior produção (43,8 milhões de toneladas anuais) de frutas do mundo. De acordo com o Sindicato, as mangas respondem por 96 por cento da exportação dessa furta no Brasil. Já as uvas sertanejas, 99,9 por cento. No Sertão irrigado, o sol ao invés de ser inimigo é aliado dos produtores, pois ele permite, por exemplo, a produção anual de duas safras de uva. Porém o excesso de chuvas impede que a fruta amadureça em boas condições. O inverno inesperado já era tido como rigoroso, fato que se agravou no Dia de Natal, quando choveu 300 milímetros na região. Várias fazendas já emitiram comunicados aos clientes, dando conta de reprogramação nas entregas. Até equipamentos agrícolas como tratores atolaram no terreno pantanoso em que o solo das fazendas se transformaram com o excesso d´água. Com os pomares encharcados, aumentou a quantidade de doenças atacando as frutas, como pode-se ver na foto superior.
E ficaram atrapalhadas as etapas de poda, floração e colheita. “Além do prejuízo com as chuvas (a previsão é que elas persistam por quatro meses), os produtores enfrentam ainda o aumento de despesas efetivas com insumos agrícolas, acondicionamento, aduanas e folha de pessoal, comprometendo a produção do primeiro semestre de 2022, o que vai influenciar de forma negativa nos resultados do setor agrícola do Vale do São Francisco”, afirma Flávio Diniz, Presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Petrolina.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação