Em 2024, Osman Lins completaria 100 anos. Ele nasceu no dia 5 de julho de 1924, mas encantou-se em 1978, aos 54, devastado por um câncer, quando deixou um livro inacabado. O seu primeiro século não passará em branco e já começa a movimentar os meios acadêmicos. Há seminários, reedições de livros, filmagens e outras iniciativas que marcarão o centenário do autor de “Avalovara”, “Nove, Novena”, “A Rainha dos Cárceres da Grécia”, “O Visitante”, “Os Gestos”, “Lisbela e o Prisioneiro”, entre outras obras.
No Recife, quem sai na frente é a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), que a partir da terça-feira (14/5) dá início à XXVI Semana de Estudos Linguísticos e Literários – O Visitante das Palavras, em homenagem ao escritor pernambucano. A programação é bem extensa e envolve não só doutores, pós doutores e especialistas em Literatura e na obra de Osman Lins, como também há atividades com participação de estudantes da rede pública estadual que, pouco a pouco, começam a se familiarizar com a obra de Osman. Algumas até já se apaixonaram por contos de livros como “Os Gestos”.

Segundo Robson Teles – organizador do encontro – o evento não visa só discutir a obra, mas amplificá-la de modo que ajude a formar novos leitores, consumidores de Literatura, os chamados “leitores literários”. Diz ele: “Os eventos acadêmicos são muito importantes dentro da Academia, mas é preciso que ultrapassemos os muros da Universidade”. Professor de Letras na Unicap, ele não mede esforços para disseminar a obra de Osman entre os jovens, inclusive com ajuda de ex-alunos, que hoje são professores.
É a primeira vez, por exemplo, que um evento acadêmico do Curso de Letras da Unicap abre as discussões à participação de estudantes da educação básica. E olha que a Semana de Estudos Linguísticos e Literários entra este ano em sua vígésima sexta edição . Então, é hora de democratizar e expandir o conhecimento. No último dia do encontro, adolescentes farão visitas artísticas à obra do escritor, com recitais, encenações, expô de fotos e até com cartas ao escritor. Já tive acesso a algumas e são pura emoção. Uma das cartas (ainda existe isso, nos tempos de mail e redes sociais?) fez Robson chorar. Ou seja, cartas de tocar o coração.

Essa participação dos estudantes, que acontece no dia 16 de maio, será mais tarde abordada aqui no #OxeRecife. Por hoje, ficaremos com a programação da terça-feira, 14 de maio. A abertura oficial ocorre no auditório G1, a partir das 18h30m. E conta com a participação de Degislando Nóbrega de Lima, Pró-reitor de Graduação; Danilo Vaz-Curado Ribeiro de Menezes Costa (Diretor da Escola de Educação e Humanidades); Roberta Varginha Ramos Caiado (Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem); e ainda Flávia Ramos da Costa (Coordenadora do Curso de Letras da Unicap). Logo em seguida, começa o ciclo de palestras, conversas, trocas de informações.
Robson Teles informa que pretende dar um caráter mais informal ao evento literário, normalmente marcado por discussões teóricas. Tanto que fui convocada para falar, mesmo sem ser especialista em Literatura. No máximo uma leitora voraz. Para a terça, a programação de palestras começa com “Osman Lins: o desejo de ordenar o mundo”, com Elizabeth de Andrade Hazim, uma das grandes especialistas na obra do escritor pernambucano. Ela fala a partir das 18h40m. Às 19h40m, eu e minha irmã, Ângela, falaremos sobre o convívio com o nosso pai. Primeiro, eu, com o tema “Memórias afetivas da “verdade mais próxima” e também das mais distantes”. Depois, minha irmã, que preside o Instituto Osman Lins. Ela fala sobre “O Visitante das Lembranças”.
Em seguida, tem mesa temática, com o tema “Entre os Discursos Osmanianos”. Da Mesa, participam: Suzana Leite (Pós-Doutora em Linguística pela Université Sorbonne Nouvelle Paris e Professora de Pós Graduação na UFPE), Rhaí Ramos (Mestre em Letras pela UFPE), e Fábio Andrade (Professor de Literatura Brasileira e Portuguesa na UFPE). Suzana aborda “Análise e construção do ponto de vista “Os Confundidos” de Osman Lins: aspectos linguísticos, textuais e enuciativos”. Rhaí aborda “Osman Lins – A palavra em Osman Lins: diálogos e tensões entre a Literatura e o discurso”. Fábio, outro especialista na obra do autor vai funcionar como mediador.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação, álbum de família, Alexandre Trindade
Cara Letícia! Esta homenagem prestada pela UNICAP é um puro reconhecimento pelas obras do seu pai. Que venha mais atitudes como essa, pois precisamos valorizar os nossos escritores e poetas. Vou um pouco mais além, achando que a prefeitura do Recife já devia ter homenageado ele com uma estátua. Abraços!
Obrigada, amigo.
Parabéns, Letícia
Posso imaginar seu orgulho e satisfação.
Com certeza as suas “memórias afetivas” o deixarão muito feliz.
Vai acompanhar todos os relatos lá de cima.
Agradeço, querida Fátima.
Excelente matéria. O evento será um sucesso!
Justíssima homenagem a esse grande escritor pernambucano Osman Lins, Letícia! Parabenizar também o professor Robson Teles pela iniciativa do tem.
É muito importante que cultuemos nossas granres personalidades, e, sem dúvida, seu pai tem que entrar nesse calendário de efemérides.
Muito bom também esse caráter mais informal do evento, com a fala das filhas e principalmente a sua sobre as memórias afetivas!
Iniciativa do tema.
Caro Robson
Meus parabéns pela comemoração dos cem anos de Osman Lins! Tenho certeza que será um enorme sucesso! Nós aqui em Florianopolis comemoraremos no segundo semestre… Mas estou ministrando uma das 12 aulas promovidas pelo IEB da USP também…
Me lembro bem de seu jovem talento na leitura do teatro de Osman Lins! E só tenho pensa de não estar por aí nesta ocasião tão importante para participar…
Grande abraço! Ana Luiza Andrade (andradeufsc@gmail.com)
OBG. Aqui no #OxeRecife daremos toda a cobertura!