A Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco acaba de divulgar nota em defesa da liberdade de imprensa e se posicionando contra a censura. Com mais de cem assinaturas, o documento é uma tomada de posição contra a censura imposta na Universidade Federal de Pernambuco a vídeo que recomenda o isolamento social como forma de evitar o avanço da pandemia provocada pelo coronavírus. O vídeo seria divulgado em emissoras (rádio e TV) da Ufpe, mas foi censurado porque continha uma frase com o nome do Presidente Jair Bolsonaro.
Detalhe: Não havia nenhuma opinião ou locução falando do Presidente, nem chamando ninguém de genocida ou negacionista, para lembrar dois adjetivos que têm circulado ultimamente. A frase censurada era apenas reprodução de uma manchete já publicada na imprensa brasileira que não era fake new (“Bolsonaro diz que lockdown não dá certo e critica governadores”). Com a censura, o Diretor do Núcleo de TV e Rádios Universitárias da Ufpe, Marcos Mondaini, pediu exoneração do cargo. O pedido foi logo aceito pelo Reitor Alfredo Gomes.
“A Comissão de Ética do Sindicato de Jornalistas Profissionais de Pernambuco e as demais unidades subscritas nesta nota conjunta, vêm a público manifestar preocupação diante dos fatos relatados pelo Professor Marcos Mondaini, ocorridos na última sexta-feira, 19/03”.
Em seguida, reproduz a mensagem colocada por Mondaini em suas redes sociais naquele dia.
“Às 17h31 dessa sexta, recebi um telefonema da Superintendente de Comunicação, a pedido do reitor, solicitando que fosse retirada a referência a Bolsonaro do vídeo produzido pelo Coordenação de Jornalismo sobre a necessidade das medidas de isolamento social nesse movimento gravíssimo da pandemia que atravessamos. Não acatei a solicitação e coloquei meu cargo de Diretor do NTVRU da Ufpe à disposição. (A Superintente a que ele se refere é Sofia Costa Rego, o reitor é Alfredo Gomes e o NUVRU é o Núcleo de Televisão e Rádios Universitárias da Ufpe).
Após citar a publicação do post do professor divulgado em suas redes sociais, o Sindicato se coloca:
Nesse momento de pandemia que atravessamos quando o Brasil se aproxima da marca de 200 mil vidas perdidas para a Covid-19, a liberdade de imprensa é direito fundamental, assegurados em diferentes dispositivos legais, que se mostra imprescindível para a democracia e efetivação da transparência pública. Os meios de comunicação têm exercido seu papel de garantir o direito à informação do povo brasileiro e lhe é direito tratar de fatos e dados. É fundamental lembrar que a TV Universitária se configura uma emissora pública, com relevante papel na proteção e na promoção de direitos ligados à diversidade, pluralidade e à democratização dos meios de comunicação do país, premissas que fundam sua identidade enquanto meio de comunicação. Chamamos atenção para que não haja censura em nenhum veículo e que a comunicação social no Brasil, seja ela pública, privada, comunitária, independente ou outra seja espaço para informação de qualidade, para o bom jornalismo, seja exercido com ética e respeito aos direitos humanos.
Subscrevem o documento, pessoas físicas, profissionais liberais, políticos, historiadores e entidades como Gajope, Fenaj, diretórios estudantis, partidos políticos, organizações não governamentais, entre outros.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife