Quem não conhece esses versos? “Naquela mesa ele sentava sempre/ e me dizia o que é viver melhor/ Naquela mesa ele contava histórias/ Que hoje guardo na memória e sei de cor/ Naquela mesa ele juntava gente/ E contava contente o que fez de manhã/ E nos seus olhos era tanto brilho/ que mais do que seu filho eu fiquei seu fã”. Tem declaração mais bonita de amor de um filho ao pai? E ainda: “Naquela mesa está faltando ele/ e a saudade dele está batendo em mim”. A “saudade dele batendo em mim” é de cortar o coração, não é? Nem sempre, no entanto, os filhos podem dedicar ao pai amor tão grande, que resulte em poética tão bonita. Há omissões, ausências, sumiços.
E não é só o bom pai que rende rimas tão bonitas. Os problemas com a figura paterna também podem se traduzir em arte. No palco. É o que acontece com o peça “Cara do Pai”, concebida a partir das memórias e investigações do ator Tatto Medinni, sobre quem foi seu progenitor, que relações de afetividade (ou violência) tinha com sua mãe, que fim teria levado, que legado deixou. “Que tipo de pai você tem, teve ou terá um dia? Com que abraço, escuta, presença você pôde contar nas horas difíceis? De quem você pode se valer quando o assunto é paternidade? Quem lhe acolheu alimentou, vestiu, educou, ajudou você a se pôr de pé? Quem se importou de verdade? Quem foi imprescindível para você no caminho até aqui?”, são indagações que marcam o espetáculo que, a partir do dia 15 de novembro começa a percorrer os bairros do Recife, com entrada gratuita. A peça já esteve em cartaz no Teatro Apolo, com ingressos pagos. Mas agora vai à periferia, com entrada gratuita, sempre às 19h. A turnê popular começa pela Escola Pernambucana de Circo, no bairro da Macaxeira, na quinta, 16/11. E deve contemplar seis regiões político administrativas (RPA’S) da cidade. A classificação indicativa é 12 anos. O projeto “Temporada Cara do pai” foi contemplado no edital do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) da prefeitura da Cidade do Recife.
“A procura pelas origens, os espaços vazios que nascem da busca por respostas que nunca vêm, ou nunca vêm fácil, dão o mote central do espetáculo. Qual a cara do seu pai? Que traços da face dele ecoam no seu próprio rosto? Quais você gostaria de manter? Quais seria melhor apagar?”, informa a produção. A temática deve mexer com muita gente, até porque – como se sabe – quase 50 por cento das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres. O pai, muita gente nem sabe quem é. E a peça reflete, também, sobre o que é morar na periferia das grandes cidades e estar cercado de mulheres fortes por todos os lados, especialmente as que lhe põem de pé. “Fazer Cara do pai pra mim foi um reencontro comigo, uma volta às origens. Acredito que seja um espetáculo de muita sinceridade, de peito aberto e, sobretudo, de coragem. Escavar histórias até então esquecidas, adormecidas e dolorosas por vezes, me fez me reconectar com a minha pessoa, com minhas origens”, diz Tatto.
As apresentações ocorrem sempre às 19 horas e a classificação indicativa é 12 anos. O projeto “Temporada Cara do pai” foi contemplado no edital do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) da prefeitura da Cidade do Recife, onde irá realizar seis apresentações em bairros das seis Regiões político-administrativas (RPA’s) do Recife. A estreia da temporada será na Escola Pernambucana de Circo, no bairro da Macaxeira, no dia 16 de novembro (quinta-feira). Os bairros contemplados são: Macaxeira, Água Fria, Jardim São Paulo, Ibura, Santo Amaro e Várzea. Cara do pai é o terceiro trabalho do Coletivo Operários de Teatro – OPTE, com direção de Quiercles Santana e dramaturgia de Alexsandro Souto Maior, baseado nas histórias pessoais do ator Tatto Medinni. Participou do Festival Janeiro de Grandes Espetáculos, onde foi indicado nas categorias de Melhor ator e melhor dramaturgia.Em junho de 2023, realizou temporada no Teatro de Arena Eugênio Kusnet da FUNARTE em São Paulo. O espetáculo realizou uma apresentação comemorativa de um ano trajetória no mês de agosto, no Teatro Apolo, em Recife.
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Serviço
Turnê popular da peça Cara do Pai, de e com Tatto Medini. Confira locais e datas. Horário sempre às 19h.
Quinta-feira – 16 de novembro, Macaxeira (RPA 3), na Escola Pernambucana de Circo
Sexta – Feira – 17 de novembro, Água fria (RPA 2), na Escola Municipal Antonio Heráclito
Quinta-feira – 23 de novembro, Jardim São Paulo (RPA 5), na Escola Municipal Padre José Mathias Delgado
Sexta-feira – 24 de novembro, Ibura (RPA 6), na Escola Municipal Florestan Fernandes
Quarta-feira – 29 de novembro, Santo Amaro (RPA 1), na Escola Municipal Lutadores do bem
Quinta-feira – 30 de novembro, Várzea (RPA 4), Escola de artes João Pernambuco
Texto:Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Cara do Pai
