No passado, elas eram tão abundantes, que deram até nome ao nosso Capibaribe, o Rio das Capivaras (em tupi). Também são descritas pelos holandeses que aqui estiveram, no século 17, segundo relata o “Atlas da Costa do Brasil” (1643-1649). “Vivem nos rios de água doce, mas pastam na terra, causando grande dano aos partidos da cana de açúcar, comem os seus caules”. E acrescentavam os flamengos: “Os portugueses apanham-nos cavando buracos, que cobrem de folhagens, nas quais caem ao passar, também são mortos a tiros de fuzil”.
Acrescenta, ainda, o livro organizado por José Paulo Monteiro Soares e Cristina Ferrão, duas grandes autoridades do período flamengo no Brasil: “A carne deles (da capivara) é boa para os sadios, mas os feridos ou doentes não devem servir-se dela”. Como se percebe, a matança desses graciosos bichinhos não é de hoje. Agora, são vistos raramente. Há alguns dias, dois indivíduos isolados foram vobservados andando pela calçada que margeia o Capibaribe, em pleno asfalto, defronte do Parque da Jaqueira. Na terça, apareceu outro animal da espécie, nadando no mar, dessa vez em Olinda. Devia estar desesperado. Porque esse bicho não gosta de água salgada. Felizmente ele foi resgatado pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e levado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres de Pernambuco (Cetas Tangara). O trabalho contou com suporte do Corpo de Bombeiros.
Como ocorre com todos os animais levados ao Cetas, a capivara passará por exames hoje. Ela estava muito cansada, talvez estressada pelo assédio da população. Mas não tem ferimentos, e passa bem. A expectativa da CPRH, é que ela volte logo para a natureza. O roedor nadava nas proximidades dos arrecifes na Praia de Casa Caiada, na área próxima ao Hospital Esperança Olinda (antigo Prontolinda). Ao chegar no Cetas, o roedor passou por um banho, para retirada do sal. Devido ao estresse, foi alojada no setor de internação, com água e comida, onde está sob observação. Localizado no bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife, o Cetas foi inaugurado oficialmente pela CPRH em dezembro último. No local, os animais silvestres resgatados, apreendidos em ações de fiscalização ou mesmo provenientes de entrega voluntária passam por reabilitação física e comportamental, e são preparados para serem reintrodução ao seu habitat natural.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / CPRH
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