Depois que teve início a reforma da Rua da Aurora – no trecho compreendido entre as cabeceiras das Pontes Princesa Isabel e a do Limoeiro – muita gente tem enviado mensagens ao #OxeRecife com a mesma indagação. “Cadê o caranguejo que ficava perto do prédio da Assembleia Legislativa?” Já tinha até gente achando que a escultura teria o mesmo destino de peças que foram roubadas do Parque de Esculturas Francisco Brennand, no Marco Zero, que foram parar no ferro velho. Não, gente. O crustáceo gigante, belíssimo, não vai sumir.
Aliás, permanece na mesma via, porém em um outro trecho, bem pertinho da Ponte do Limoeiro. A escultura Carne de Minha Perna resulta de obra coletiva, realizada em 2004. Ela foi uma forma de homenagear o manguebeat , que tanto agitou a cena musical do Recife no final do século passado. A obra também rende homenagem à figura de proa do movimento, o artista Chico Science, vocalista da Banda Nação Zumbi, que morreu em um acidente de carro, em 1997, no auge de sua carreira. Em pouco tempo, o caranguejão começou a fazer parte das memórias afetivas da população do Recife. Como seus manguezais, seu rio Capibaribe, suas pontes.
A escultura foi idealizada por Augusto Ferrer e sua produção contou com a participação de três outros artistas: Eddy Polo, Jorge Alberto Barbosa e Lúcia Padilha. Com suas patolas e pernas compridas, durante algum tempo ela virou cenário para as noitadas comandadas por Roger de Renor, em seu Som na Rural. Elas normalmente aconteciam no entorno do caranguejo, reunindo uma turma jovem e descolada. Depois, todo mundo ia confraternizar no Bar Central, ou no “Frontal”, como os boêmios costumavam chamar o bar que fica em frente ao Central, mais barato, porém sem as comidinhas charmosas do primeiro.
No entanto, era a alternativa não só dos sem dinheiro como os dos sem lugar, quando as mesas do Central estavam cheias. Com a pandemia, nem sei mais como estão as coisas por aquelas bandas, pois tenho evitado bar e restaurante, locais onde a máscara é sempre retirada durante os comes e bebes. Voltando ao nosso crustáceo. Ele agora fica em frente à sede do Instituto Tavares Buril. E agora é o dono da cena, pois o Galo horroroso que ficava ao seu lado foi deslocado para a esquina da Aurora com a Avenida Conde da Boa Vista. Mas, pelo menos aqui no #OxeRecife, ninguém, mas ninguém mesmo, perguntou por ele. Xô, coisa feia!
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Genival Paparazzi / Cortesia