Quem te viu, quem te vê… Moradores da Zona Norte do Recife sentem saudades do Hipermercado Bompreço, no bairro de Casa Amarela, um dos mais populosos da cidade. A loja foi a primeira implantada no Recife pelo empresário João Carlos Paes Mendonça, que daria origem à mais famosa rede de supermercados no estado, a preferidinha dos pernambucanos, principalmente pelo apelo bairrista do “orgulho de ser nordestino”.
Em 1966, o Hipermercado era inaugurado com honras, pompas e até petiscos e salgadinhos distribuídos entre os futuros clientes. E chegava com um novo conceito, bem avançado para a época: produtos de limpeza, alimentos no andar térreo e outro pequenos utensílios no andar térreo. No primeiro andar – ao qual se tinha acesso de escada rolante – havia eletrodomésticos que iam de liquidificadores a ferros de engomar. O supermercado revolucionaria o comércio do bairro, então limitado às mercearias e “vendas” de esquina.

Logo, o Hiperbompreço passou a ser queridinho da população recifense. Tanto é assim, que o modelo foi ampliado e inaugurou-se uma loja ainda maior e mais sortida bem pertinho da primeira, no bairro de Casa Forte. A rede se expandiu e virou a marca de varejo mais lembrada pelos consumidores do Recife, Pernambuco, do Nordeste. Depois, o empresário resolveu vender a rede e se dedicar a shopping centers e outras atividades como produção de vinho, em Portugal.
Desde então, o Bompreço passou por várias mãos de grupos estrangeiros. E foi perdendo a sua identidade. Houve época que dava até desgosto frequentar a loja de Casa Forte, que parecia um depósito de mercadorias. E o “orgulho de ser nordestino”, em que deu? A impressão que se tem é que a rede não deu muito certo nas mãos de novos proprietários, porque o rodísio foi grande. E caiu a qualidade do serviço nas lojas, e até mesmo de produtos ofertados. A rede passou por mãos de holandeses (Royal Ahold), americanos (Walmart), franceses (Carrefour). As duas primeiras experiências renderam verdadeiros fracassos. Não conseguiram empatia com o público, que parece não ter gostado de sentir orgulho de ser qualquer coisa.

Agora o maior retrato de “fim de feira” está justamente na primeira loja a ser inaugurada pelo Grupo Paes Mendonça: a de Casa Amarela. Há mais ou menos um mês, as prateleiras começaram a ficar vazias. Primeiro, faltavam temperos (como orégano). Depois, sumiram produtos básicos como hortaliças, pães, ovos, leite. A impressão que se tinha era de absoluta decadência com corredores fechados ao público, gôndolas vazias, estacionamento com uns dez carros, mesmo às sextas-feiras, quando antes havia dificuldade para arranjar uma vaga.
O Hiperbompreço de Casa Amarela acabou. Começou a decair desde que foi adquirido pela Rede Carrefour até chegar onde chegou. E a loja fica fechada este mês. Mas de acordo com a multinacional, funcionará com outra proposta: “Prezado cliente! No dia 20/07, a loja Bompreço de Casa Amarela será fechada. Em breve será convertida no modelo Atacadão. A partir dessa data, você poderá encontrar tudo que precisa para abastecer sua casa no Bompreço Aflitos. Obrigado, Superbompreço”.
No final do ano passado, o Carrefour havia anunciado que 40 de suas lojas seriam transformadas em Atacadão ou Sam’s Club, a primeira já bastante conhecida no estado. O que se deduz é que a mudança de sistema em Casa Amarela deve ser para concorrer com o lojão que o Grupo Mateus está implantando no antigo Hiperbompreço Casa Forte. Os dois bairros são vizinhos. O Grupo Mateus é um dos gigantes do setor no Brasil. O que o público espera é que, pelo menos, com concorrência a dança de preços mude para melhor. Porque, hoje, estão todos pela hora da morte, seja no varejo ou no atacado. Não é mesmo?….
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Texto, fotos e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife