Boa Viagem precisa de maior cuidado

No início do verão passado, a mobilidade na praia de Boa Viagem estava uma bagunça. Pedestre mal conseguia caminhar, nas calçadas tomadas de motos, carroças, mercadorias. E quando a gente reclamava, ainda ouvia gracinha dos condutores de motocicletas, que andavam sem nenhum constrangimento pela calçada, disputando o espaço com os passantes e até ameaçando jogar as motos contra nós. Era muita selvageria.

Foi preciso uma operação contínua e pulso forte, por parte da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano para livrar as calçadas de tantas ocupações indevidas. Pois no último final de semana, em pleno horário de maior movimento na praia, estavam lá: carroças estacionadas sobre as calçadas. Como a frequência à praia aumenta com a estação do calor, é provável que cresça, também, a quantidade de ambulantes assim como a demanda por espaço não só na areia, como no asfalto. Se a Prefeitura não agir energicamente como fez em 2015, a bagunça volta, e volta rapidinho. E em grandes proporções.

Pouco a pouco, as carroças recomeçam a ocupar os espaços que deveriam ser dos pedestres, em Boa Viagem
Pouco a pouco, as carroças recomeçam a ocupar os espaços que deveriam ser dos pedestres, na praia de Boa Viagem.
Ambulantes não são punidos e emporcalham a praia todos os dias.
Ambulantes  jogam lixo entre as barracas e o calçadão. Precisam de treinamento, conscientização e sobretudo punição.

Não sei se em outras capitais, mas no Recife, as coisas acontecem assim. Os abusos vão se sucedendo, ninguém toma providência, e as infrações só aumentam. Outro caso crítico é o do lixo na beira-mar. Os banhistas – é verdade que há exceções – começam a se disciplinar, jogando o lixo nos cestinhos. Mas há muitos ambulantes que recolhem os cestinhos e jogam o lixo na areia. Como a Emlurb, ao que parece, nem multa nem fiscaliza, a tendência é a montanha de lixo entre a areia e o paredão do calçadão aumentar cada vez mais. Acho que já está na hora da Prefeitura criar um sistema de incentivo ao ambulante que deixa tudo limpo, e punir os que sujam tudo, com penas de advertência, multa, cassação de licença. Só assim, eles se organizam. As pessoas mudam de comportamento, quando a punição começa a doer no bolso.

“Não faça isso, não jogue lixo na praia, coloque tudo dentro de um saco plástico”, pedi a um dos ambulantes, nas proximidades do Edifício Holiday. “Não precisa botar no saco, porque o lixeiro passa e recolhe tudo, fica aí na areia mesmo”. Ah, então é assim? Enquanto o lixeiro não passa, o monte de detritos cresce, o mosqueiro aumenta, e os outros ambulantes acham que ali é local de descarte. E tome lixo: casca de coco, restos de peixe frito, ostras, pedaços de fruta, copos, pratos descartáveis, farofa. Um horror.  Os responsáveis por esse tipo de incivilidade, são sempre os mesmos vendedores. Como não há punição, eles continuam fazendo, deixando de lado a higiene e a estética. Imaginem, Boa Viagem – um dos principais cartões postais do Recife – recebendo os turistas com os “braços abertos” de lixo. Eu fico morta de vergonha. Mas parece que, para as nossas autoridades, praia suja é normal. Porque se não fosse assim, o poder público multaria os porcalhões. #OxeRecife.

(Fotos: Letícia Lins / #OxeRecife)

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