Arte educadora, Bia Lima decidiu mergulhar uma missão que merece aplausos. Ela tenta resgatar em acervos privados os “instantâneos” feitos pelo avô, no Recife, durante pelo menos quatro décadas do século passado. Ele era ninguém menos que Wilson Carneiro da Cunha, aquele que tinha o “Kiosque do Wilson”, nos tempos áureos da Rua Nova, no bairro de Santo Antônio. E onde havia praticamente uma “galeria” de fotografias de cenas de paisagem, de gente e da história da cidade. Wilson morreu em 1986, e o acervo está dividido: uma parte na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), outra sob cuidados da filha Olegária Carneiro da Cunha. Porém há um número incalculável de fotos em preto e branco que repousam em álbuns de família.
Olegária possui 700 fotografias (entre de papel e negativos), mas não se sabe o total que consta em álbuns de famílias tradicionais da cidade, que requisitavam seus serviços Agora, o que se pretende buscar são exatamente essas cenas da vida privada, que o público desconhece. “O que podemos aprender sobre o campo da fotografia a partir da prática singular de Wilson Carneiro da Cunha, em cruzamento entre suas fotografias do registro urbano e as fotografias de um cotidiano privado?”, indaga Bia. É justamente isso que ela tenta responder, depois de conseguir aprovar o Projeto Wilson Carneiro da Cunha: Do Instantâneo de Rua aos Registros Caseiros no Funcultura. No momento, ela se dedica – portanto – a resgatar as fotos do avô, sobre o qual já falamos, aqui, no #OxeRecife recentemente.
“Ao nos debruçarmos sobre acervos particulares de fotografias de Wilson, sejam de sua família ou daqueles que contrataram seus serviços, encontramos um universo imagético desconhecido, fora do núcleo familiar, e portanto ainda não trabalhado em análises e estudos que referenciam o fotógrafo”, diz Bruna Rafaella Ferrer, pesquisadora do acervo e integrante do projeto. “Uma das contribuições mais relevantes dessa pesquisa é revelar um acervo inédito e analisá-lo, frente ao universo mais amplo do acervo público de Wilson Carneiro da Cunha”, diz Bruna. Quem tiver essas relíquias em casa, pode entrar em contato com projetowcc@gmail.com ou então em mensagem direta pelo instagram @kiosquedowilson.
Um lembrete. É fácil identificar as fotos de Wilson. Naquele tempo as fotos eram analógicas, e feitas antes com negativos e depois passadas para o positivo, em papel em preto e branco.Uma vez no papel, elas eram devidamente creditadas com assinaturas como “Istantâneo Wilson”, “Kiosque do Wilson” ou ainda com uma marca d´água no canto inferior. “Meu avô registrava todo o seu cotidiano. Levava a câmera no pescoço até para ir à padaria”, diz Bia. O que não era comum na época, ao contrário de hoje, onde cada pessoa, celular em punho, é um fotógrafo a documentar cenas que chamam a sua atenção, assim como a fazer selfies para registrar nas redes sociais.
Nos links abaixo você fica sabendo de outros fotógrafos que atuam em Pernambuco, e sobre informações do passado do Recife.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Projeto Wilson Carneiro da Cunha