Depois de curtir a natureza selvagem na Amazônia – tenho muitos assuntos e fotos ainda a postar – faço um intervalo de quatro dias aqui no #OxeRecife, para pequeno período de férias, rumo a Salvador, que está limpa, bem cuidada, com recantos turísticos – como o Pelourinho – em situação de fazer inveja a locais da nossa cidade bastante procurados, mas que estão em estado de calamidade, como a Praça Dom Vital e o Mercado de São José. Na última vez que estive na Bahia, não vi um só pedaço de papel ou sujeira no chão de seus recantos turísticos.
Então, não custa nada visitar uma cidade brasileira, que já teve fama de suja e hoje está limpíssima. Até os pontos de ônibus passam pro lavagens diárias, coisa rara de ser ver por aqui. Mas não é só por isso que vou a Salvador. Pretendo assistir um belo ritual. É que amanhã, 17, baianos e turista saberão que o início a décima segunda edição da Alvorada dos Ojás aconteceu. É que em 2018, adeptos do Candomblé promovem a atividade entre os dias 16 e 17 de novembro , amarrando árvores sagradas da capital baiana com tecidos sagrados usados nos cultos afro-brasileiros, os ojás.
E o objetivo é lindo: “pedir paz, respeito à liberdade religiosa e equilíbrio entre as pessoas”, informam os organizadores da cerimônia. Em 2018, a Alvorada lembrará o Mestre de Capoeira Moa do Katendê, ogã do Candomblé, vítima de assassinato por motivos políticos, durante a campanha presidencial. O ritual é promovido pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN). E esse ano, a ação acontece em parceria com o Terreiro do Gantois (lembram de Mãe Menininha?), que abriga a Alvorada dos Ojás, com sacralização dos tecidos. “O rito, além de ser uma bênção coletiva, é um pedido de permissão aos orixás para iniciar os trabalhos”.
Para participar do ritual, todos devem vestir roupas brancas em sinal de paz. E já botei a minha na mala. Até porque a sexta-feira é dia dedicado a Oxalá. A atividade tem apoio da Secretaria de Promoção e Igualdade Racial, integra a Agenda do Novembro Negro e é aberta ao público. Nada menos de mil metros de tecido ganham elementos decorativos ligados ao Candomblé, criados pelo artista plástico Alberto Pitta, fundador do Cortejo Afro. Depois, os retalhos serão afixados às árvores. Participam da cerimônia, ainda, o Coral Ecumênico da Bahia, Orquestra de Berimbaus, Mestres de Capoeira e a família de Moa do Katendê. Então, vai ser ou não uma cerimônia linda? Na última vez que estive em Salvador, assisti a uma missa que acontece no Pelourinho, às terças, que é um exemplo do sincretismo religioso tão comum no Brasil e tão presente na Bahia. A missa, celebrada por padre com participação de baianas dos terreiros é, hoje, uma atração turística em Salvador. Quem não chega cedo, assiste a celebração de pé
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Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Foto (ilustrativa): Arquivo/ #OxeRecife