É cada dia maior, a quantidade de grupos para caminhar pelas ruas do Recife, o que é muito bom. É andando que se conhece melhor a cidade, porque a pessoa não está preocupada com o trânsito, com o engarrafamento, com o ato de dirigir, seja um carro, a moto ou a bicicleta. Andar é descontraído. É verdade que as nossas calçadas não nos permitam um pouco de paz. Mesmo assim, vale a pena andar. Eu, por exemplo, faço parte de três grupos: o Caminhadas Domingueiras, o MeninXs de Rua e das Caminhadas Pilateiras. E ando, sozinha, todos os dias. Quando tenho um tempinho, ainda pego um “arrego” nas andadas do Olha! Recife, o programa de sensibilização turística da Prefeitura.
Foi a pé, estou lá. No caso do Olha!Recife, até mesmo quando o programa inclui bairros que já conheço, como o do Recife (no Centro) e o Poço da Panela (na Zona Norte). No último domingo, o MeninXs de Rua fez um roteirão que, por conta das curvas e entradas, deve ter dado uns dez quilômetros. Como andei um bom pedaço de volta, calculo ter andado uns doze quilômetros no domingo. O Caminhadas Pilateiras seguiu um percurso pela CowParade, com direito a visitar dez das charmosas vaquinhas que estão decorando o Recife. Passaram pelos bairros de Casa Forte, Santana, Jaqueira, Graças, Aflitos, Rosarinho, Espinheiro, Encruzilhada. Fiz o primeiro percurso todo, com os MeninXs. E depois, uma parte com o grupo do qual faço parte, como aluna de Pilates, da professora Paula Hirakawa.

Nos MeninXs, parte do grupo estendeu a programação até o Mercado da Boa Vista. Saímos da Avenida Beira Rio, na Madalena com destino ao Marco Zero, no bairro do Recife. Passamos pelo bairro das Graças, Aflitos, Espinheiro, Rosarinho, Hipódromo, Campo Grande, Santo Amaro. Andei por ruas que não conhecia, em alguns desses bairros. Vi que há áreas bem cuidadas, na cidade, como alguns trechos do bairro do Espinheiro e do Rosarinho. “Caminhar promove a interação com as pessoas. é um exercício físico e mental, e ainda nos possibilita conhecer melhor o Recife”, afirma o engenheiro mecânico Agenor Tenório, do MeninXs. Andar é com ele. Já fez 820 quilômetros do Caminho de São Tiago (na Espanha), 80 quilômetros em Machu Picchu, e 70 quilômetros pelos Lençóis Maranhenses.
Voltando ao Recife, notei que a Praça do Hipódromo está bem tratada, com banheiros super limpos (embora não tivessem papel higiênico). Mas há lixo demais nas ruas de Campo Grande, Santo Amaro e no trecho de mangue que margeia a Avenida Artur Lima Cavalcanti. A área é um belo cartão postal, mas virou ponto de confluência de prostituição e tráfico de drogas. E a cada dia, se degrada mais. E lixo, ali, é mato. Dá até pena olhar a maré. Outra coisa que me chamou a atenção, infelizmente, foi a quantidade de árvores mutiladas, assassinadas ao longo do percurso. Como venho denunciando aqui no #OxeRecife o arboricídio que se registra nas ruas do Recife, fiz questão de documentar tudo que vi. Aos poucos, irei fazendo as devidas postagens aqui, um compromisso que assumi comigo mesma e com meu punhado de leitores, para mostrar a indignação com essa situação inquietante. Fora disso, o Recife estava lindo. As árvores que sobram estão coloridas com a chegada do calor, no final do ano. E mudam por completo a paisagem da cidade, com suas flores. Viva o verão.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: MeninXs de Rua e Caminhadas Pilateiras / Cortesia