Apipucos: CPRH dá prazo para condomínio reduzir despejo de esgoto no Capibaribe

A gente sabe que no Recife nem 30 por cento dos domicílios contam com serviço de saneamento básico. O problema atinge não só comunidades de baixa renda – que residem em palafitas, por exemplo – como também condomínios de luxo que, nem sempre, tratam seus efluentes como deveriam. Resultado:  doenças, verminoses, Capibaribe em situação cada vez pior.

O outrora fornecedor de alimentos – caranguejos, sururus, ostras, peixes – está assoreado e poluído. Em Apipucos, a comunidade do Areal vinha reclamando de despejo de esgoto in natura  não só em frente das suas casas, mas também no nosso “Cão Sem Plumas”, como o chamou o poeta João Cabral de Melo Neto. Eles denunciaram aqui no #OxeRecife que a sujeira  passava pelo estreito caminho entre as suas casas e ia cair no Rio. Informaram que a procedência era o Condomínio Morada Praça de Apipucos, de alto padrão, localizado ali perto em área mais elevada, de onde os dejetos saíam chegando por gravidade até o rio.

Cprh esteve na comunidade do Areal e notificou condomínio acusado de jogar esgoto na comunidade e no Capibaribe

No último dia 12 de maio, a Agência Estadual do Meio Ambiente enviou uma equipe de fiscais ao local. Apesar da fedentina e dos dejetos acusados pelos moradores,  a Cprh informa que o condomínio denunciado “promove o tratamento dos seus rejeitos desde  o início do fluxo até o seu descarte” (imaginem se não o fizesse). Mas os fiscais detectaram ligações irregulares nas caixas de lançamento de efluentes, que levam “água tratada” do condomínio até o Rio Capibaribe, que ficam localizadas fora da área útil do condomínio. Ou seja, as caixas, ao invés de localizadas na área interna da Morada Praça de Apipucos foram construídas no meio da comunidade vizinha, que é bem carente.

Sinceramente, não sei se isso é permitido. Porém o mais lógico seria que essas caixas ficassem no próprio terreno do Condomínio, não é mesmo? Assim, não incomodaria moradores da proximidade quando estivessem vazando. A equipe identificou que as tampas das caixas “externas” estavam danificadas e ligações clandestinas e posteriores de esgotos foram realizadas, o que acabou agravando o problema. “Essa situação gera extravasamento irregular que acaba escorrendo a céu aberto em direção ao Rio Capibaribe”, que termina ainda mais poluído com “o derramamento de esgoto bruto”. O condomínio denunciado foi notificado pela Cprh, que deu prazo de 30 dias para apresentação de documentação sobre o assunto. Entre os papéis exigidos,  encontram-se laudos de análises químicas, que atestem as condições dos efluentes emitidos pelo conjunto residencial  junto à Prefeitura do Recife, bem como regularização das caixas de lançamento de efluentes destinados ao Rio Capibaribe.

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Texto : Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Cprh

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