“Ana de Ferro, Rainha dos Tanoeiros” movimenta os palcos com preços especiais para mulheres

Quem não assistiu ainda tem chance de ir, nesse sábado, ao espetáculo  “Ana de Ferro, Rainha dos Tanoeiros”, que está  sendo encenado desde a sexta-feira, no Teatro Bianor Mendonça Monteiro no município de Camaragibe, vizinho ao Recife. Inspirada em um poema de Vital Correia Araújo e com texto de Miriam Halfim, a peça conta a história de uma cortesã, que teria sido amante de Maurício de Nassau e que movimentava a vida boêmia da cidade do Recife, no século 17. Para produzir seu texto, Miriam fez pesquisas em arquivos e objetos do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco. Polêmica, Ana teria chegado ao Brasil  usando roupas masculinas.

A encenação, muito criativa por sinal, é do pernambucano Emanuel David D’ Lucard (o mesmo diretor do consagrado “Branca Dias, entre a Cruz e a Torá”). E faz uma ponte entre o século 17 e o 21, elencando questões de gênero, racismo, religião, induzindo o público a uma reflexão social sobre o passado e o presente. A plateia inclusive é separada: homens de um lado, mulheres do outro.  A peça mostra que Ana provoca alvoroço na colônia, ao chegar da Europa travestida de homem. Na capital pernambucana, compra Zambi, um escravo, do qual porém se torna grande amiga (ou amante?). Ela forma uma parceria com Maria Cabelo de Fogo, e abre um dos bordéis mais frequentados do Recife, na Rua dos Tanoeiros.

Ana de Ferro chegou ao Brasil vestida de homem, virou cortesã e arrancou paixões, inclusive de Maurício de Nassau

Entre atos racistas e convites a Zambi para integrar o Quilombo dos Palmares, Ana vive um grande amor com o Conde Maurício de Nassau, que chegara a Pernambuco como enviado da Companhia das Índias Ocidentais. Apesar de ambientada no século 17, a peça conta com trilha sonora contemporânea, com músicas extraídas do repertório brasileiro e  até do francês. Entre elas, clássicos de Reginaldo Rossi (Rei do Brega, em Pernambuco) e de Edith Piaf (um dos monstros sagrados do cancioneiro francês), ambos já falecidos. Também entra Hallelujah (do canadense Leonardo Cohen) e Assum Preto (um dos sucessos de Luiz Gonzaga).

“É um espetáculo que trata de amores impossíveis, que busca desconstruir o estereótipo dos que vivem nas margens sociais, expondo a humanidade latente por meio de sentimentos mais profundos”, diz Luccard. “É um espetáculo que propõe reflexões de períodos tão distantes mas que passam pelos mesmos paradigmas sociais”, completa. O diretor, aliás, está se tornando especialista em espetáculos teatrais ambientados entre os séculos 16 e 17.  Embora a peça seja uma ficção, inspirada no poema de Vital Araújo, a Rua dos Tanoeiros existiu realmente. Era a chamada Rua do Vinho ou Wijnesttraet, como a chamavam os holandeses, nos tempos de ocupação flamenga. A via era conhecida, por concentrar os bordéis mais famosos e sofisticados da época.

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Serviço
O quê: Encenação de Ana de Ferro, Rainha dos Tanoeiros
Quando: 10 e 11 de março
Horário: 19h30m
Onde: Teatro Bianor Mendonça Monteiro
Endereço: Av.  Pierre Collier, 440, Vila da Fábrica, Camaragibe
Quanto: R$ 10 (preço especial para mulheres) a R$ 40 (inteira). Meia custa R$ 20
Ingressos antecipados: R$ 15 (PIX 79977782415)

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação

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