“Açúcar: riqueza e arte em Pernambuco” faz “viagem” a quatro séculos de estilos arquitetônicos

Quem estiver livre na manhã do sábado, está convidado a fazer um programa cultural, em evento aberto ao público. É que o historiador Fernando Guerra está lançando o livro Açúcar: Riqueza e Arte em Pernambuco, na sede do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, que fica na Rua do Hospício, 130, no bairro da Boa Vista. Historiador e arquiteto, ele faz um mergulho e doutor em Arqueologia e Conservação de Patrimônio Histórico, ele convida o leitor a um “passeio” pelo século 16 – quando Pernambuco teve seus primeiros engenhos – até o 19, quando o estado já herdara vários estilos de arquitetura, que caracterizavam não só as casas grandes como também as igrejas.

Publicado por iniciativa da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), o livro tem 164 páginas e após introduzir o leitor à história de conquistas e descobertas dos portugueses, analisa aspectos sociais e históricos, chega às feitorias e, depois, às capitanias hereditárias, incluindo Pernambuco. O historiador descreve  as primeiras manifestações artísticas, os vários estilos de arquitetura, as influências portuguesas, as casas grandes dos engenhos, os solares da aristocracia açucareira, o estilo maneirista, o barroco.

Com sua casa-grande e capela, o Engenho Poço Comprido é um dos abordados no livro de Fernando Guerra

O quesito casa-grande desperta no leitor uma série de curiosidades. Por exemplo, estas eram construídas não só de pedra ou tijolos, mas também de pau a pique, embora algumas tivessem técnicas híbridas. Para melhor mergulhar nesse universo, ele traz descrições de cinco engenhos de Pernambuco: Moreno, Monjope, Poço Comprido, Gaipó e Santo Antônio de Matas. O pesquisador, no entanto, não se limita a explicar construções e estilos de casas-grandes, mas também as capelas (espaços sagrados), a moita (fábrica de produção de açúcar), a senzala (habitação dos escravizados dos engenhos).

Descreve o estilo arquitetônico maneirista – “uma das primeiras manifestações de arte erudita trazidas para o país” – sendo que Pernambuco e Bahia foram os primeiros a receber influência do maneirismo em suas edificações. Ele mostra quais as características que descrevem o estilo e dá exemplos. Um deles é a Igreja dos Santos Cosme e Damião, em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. O estilo predominou entre os anos 1530 e 1580. Ele também explica os significados e origem do estilo barroco, que hoje tanto nos encanta nos templos espalhados em cidades como o Recife.  De acordo como autor, o barroco prosperou a partir do final do século 16 na Itália, disseminando-se depois pelos países católicos da Europa e América Latina. O barroco é definido por uns como a arte do absolutismo (Leo Ballet). Para outros, a arte da contrarreforma (Werner Weisbach).

Contrarreforma porque se impôs em contraposição ao protestantismo. “O Barroco tinha por  tarefa afirmar a grandeza da Igreja Católica, por meio da construção de monumentos esplêndidos e atestar a verdade da fé, uma reafirmação do poder da fé”,  explica. “Diante do protestantismo, que pregava austeridade e rigidez, o catolicismo reagiu propagando a exaltação mística e o delírio dos sentidos”, explica Fernando Guerra. E conclui: “Seria a vitória da emoção sobre a razão”. Na época, a Igreja precisava reagir e conter o avanço da reforma protestante na Europa, iniciada por Martinho Lutero. Então criou palácios, igrejas, colégios, mosteiros e conventos para mostrar a sua força.

O lançamento do livro está previsto para 10h do sábado, dia 10 de setembro no IAHGP, que fica na Rua do Hospício, 130, Boa Vista. O preço do volume físico é R$ 35, mas o e-book custa R$ 14.

Leia  também
Arqueólogos revolvem o passado no antigo Engenho do Meio, na Várzea
Vamos visitar o “rurbano” bairro da Várzea? História é o que não falta
A Várzea de “Nos tempos do Imperador”: Igreja ostenta a coroa na fachada
Na Várzea, jaqueira lembra escravizados e vira memória de história de amor
Secular Magitot em ruínas na Várzea
Fortim do Bass: inédita relíquia de areia dos tempos de Nassau
Documento revela: Riquezas da igreja incluíam o Engenho Monjope
Sessão Recife Nostalgia: Antônio Gomes revive o passado de Apipucos
Arte monumental e natureza generosa
Moreno: uma história de assombração
Comida  e tradição no Museu do Estado

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: José Luíz da Mota Menezes, Fernando Guerra / Divulgação / Cepe

 

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.