Com mais de três décadas dedicadas à educação – principalmente incentivando a leitura entre as crianças – Ivana de Araújo Cavalcanti Silva, a Nani, nunca descolou da cozinha. Menina, ficava observando a prática que a avó e a mãe tinham à beira do fogão: os truques, os temperos, os segredos. As galinhas guizadas, os bolos de milho, as sopas. Lembra que uma vez, a geladeira estava quase vazia. Criativa, a mãe pegou um resto da charque, o fubá e fez uma sopa maravilhosa, temperada com coentro.
“Ficou uma delícia. Os ingredientes eram escassos, mas ela conseguiu preparar um jantar saboroso, do qual jamais esqueci”, conta. “A sopa tinha um aroma maravilhoso”. É, a cozinha tem suas mágicas. Já o pai de Nani também gostava de cozinhar. Motorista de táxi, fazia ponto em frente ao antes famoso e hoje extinto Maxime, que ficava no Pina. Conversando com os garçons, ele aprendeu a fazer a peixada tão saborosa quanto a que deu fama internacional ao restaurante. Resultado, era chamado sempre para preparar a peixada, chegando a fazer banquete para 200 pessoas. Dos pais e da avó, Nani herdou o traquejo com aromas e sabores. Trabalhava na educação, mas nunca deixou de curtir as panelas, preparando pratos saborosos para a família. Aposentou-se no início da pandemia e, em casa, quase caía em depressão. Acredita que a cozinha a tirou da tristeza do confinamento compulsório, quando decidiu se matricular em um curso online de gastronomia. Depois, passou a postar memórias afetivas da comida, no Instagram (@Cozinhacomafetodanani).
Conta historinhas, dá receitas que herdou, fala de temperos. E aí…surgiu a ideia de empreender. Resultado: a @Cozinhacomafetodanani explodiu no período junino. E viva São João com mesa farta. Saudável, de preferência, como as iguarias que ela prepara . “Nossa pretensão é expandir a cozinha, criando outros pratos saudáveis, inclusive na linha do kit festas”, anima-se.
Ainda fazendo o curso de Gastronomia – agora também com aulas práticas – ela já decidiu que o cuidado com a saúde será a prioridade dos seus produtos e o segmento que pretende trabalhar. Mas salienta: os preparados não são voltados para celíacos ou diabéticos, como as pessoas tendem a entender, já que as iguarias não contam com os mesmos ingredientes das receitas. “Na verdade, nossa cozinha é voltada para as pessoas que não querem consumir açúcar, glúten nem lactose”, afirma. Mas ressalta: “Por enquanto, estamos trabalhando com essa cozinha saudável, mas ainda não pensamos em um cardápio mais especializado, voltado para pessoas celíacas ou diabéticas”, diz. Mas já é meio caminho andado, não é mesmo? Pelo andar da carruagem… Afinal, comidas saudáveis – incluindo aquelas sem os três ingredientes – estão com demanda que só faz crescer. E ela nem consegue parar. Estava com Nani ao telefone, quando tivemos que interromper a conversa: “ Vou na cozinha, para o bolo não queimar no forno”, justifica-se. É que as encomendas começaram a pipocar. É uma atrás da outra.
Para o mês de junho, ela optou por quatro opções de “São João saudável“: o Bolo de Milho, o Bolo de Macaxeira Funcional, Pé de Moleque Fit, Canjica da Nani. Todos podem ser consumidos sem remorso. O interessante é que, mesmo sem glúten, açúcar e lactose, os preparos são saborosos. Os pedidos podem ser feitos no telefone ou Whatsapp (81) 97400 7557, ou através do Instagram @CozinhacomafetodaNani. Abaixo, você confere outras informações sobre gastronomia e mulheres empreendedoras.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Alexandre Albuquerque / Divulgação