Instituído pela Organização das Nações Unidas em 1972, o Dia da África é comemorado em 25 de maio. Porém os eventos que estavam programados para a data no Recife foram cancelados, diante do dilúvio que tomou conta da cidade, que provocou transbordamento de canais, alagamentos de ruas, deslizamentos e que deixou escolas, repartições e universidades sem funcionar.
A data foi criada em referência ao dia de 1963, em que 32 chefes de estados africanos se reuniram em Addis Abeba (Etiópia) com o objetivo de defender e emancipar o continente africano, para libertá-lo do colonialismo e do apartheid. Naquela ocasião, os líderes africanos criaram a Organização de Unidade Africana (OUA), para tirar a África das mãos do domínio do continente europeu.
Como se sabe, a divisão da África entre os europeus já havia sido definida muito antes, entre 1884 e 1885, quando se deu a aqueles os direitos às riquezas do continente. A OUA não se mostrou potente para resolver os seus próprios conflitos e em 2002 criou-se a União Africana (UA). O Dia da África, no entanto, foi mantido no mesmo 25 de maio.
No Brasil, a presença da África é muito forte na nossa cultura, na alimentação, nos manifestações populares, na música, nos terreiros, no sincretismo religioso. Às 16h da sexta-feira (27/05) haverá uma conversa no Pátio de São Pedro sobre “A África que persiste em nós”. Será no Núcleo Afro, sendo conduzida por Vó Cici e Fernando Batista. Vó Cici é Mestre Griô da Fundação Pierre Verger ( com sede em Salvador). Já Fernando é Mestre em Antropologia (pela UFPE) e doutorando na UFBA. Cici é figura cultuada pela sua sabedoria. Encanta com as histórias que conta da África, pelos significados dos orixás, pelo conhecimento profundo dos rituais, significados, ritmos e a culinária dos terreiros de Candomblé. Na segunda-feira, durante palestra, ela lotou o auditório da Reitoria da UFPE.
Para o antropólogo, Cici “é reverenciada como a materialização de Oxalá entre nós”. Na UFPE, ela falou sobre Exu. O orixá entrou em grande evidência este ano, quando levou a Escola de Samba Grande Rio ao campeonato do carnaval no Rio de Janeiro. Na palestra da UFPE, Cici desfez mitos sobre o orixá incompreendido e injustiçado pelos leigos e adeptos de outras religiões. “Exu é a boca do mundo, o caminho do meu destino, o caminho do Ifá, que dá resposta para equilibrar a vida”. No Pátio de São Pedro, a griô e o antropólogo falarão sobre a presença da África nas nossas vidas. Cici conviveu com Pierre Verger durante muitos anos, e o ajudou inclusive a catalogar um acervo de 12 mil fotografias feitas no Brasil. Fotógrafo autodidata, Pierre Fatumbi Verger foi etnólogo,antropólogo e escritor. Viajou pelo mundo, mas radicou-se na Bahia, e adotou o candomblé como religião.
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Texto: Letícia Lins (#OxeRecife) e Fernando Batista (UFBA)
Fotos: Acervo #OxeRecife e Fernando Batista