IHHHHH. Hoje, com certeza, o nó vai ser grande. E vai haver confusão e desorientação para motoristas que costumam trafegar pelo Cais José Estelita. É que às 7h dessa quarta-feira (2/7), começa a funcionar ali um novo sistema viário, pois as pistas originais da Avenida Engenheiro José Estelita serão definitivamente fechadas. Com isso, quem se dirigia de carro para Boa Viagem ou fazia o sentido inverso, perde o direito de curtir uma das mais icônicas paisagens da cidade: a Bacia do Pina. Como se sabe, empreendimentos imobiliários naquela região geraram protestos e grande mobilização no Recife, com criação de movimentos culturais e sociais como Direitos Urbanos e Ocupe Estelita, em 2012.
A reação foi tão grande que em 2014 a área foi ocupada por movimentos sociais, em defesa da preservação da cidade, onde faixas como a da foto acima se espalharam na época. O movimento virou notícia nacional. Em 2024, os dez anos da ocupação do Cais José Estelita foram comemorados em grande estilo, na Câmara dos Vereadores do Recife. A presença de movimentos sociais dia e noite no local foi a forma de proteger aquela área, e preservar a memória da cidade. Pois havia previsão de construção de empreendimento imobiliário com doze torres de até 40 andares. Depois de muita pressão da sociedade, os projetos originais passaram por mudanças após discussões e audiências públicas. A partir de hoje, tudo muda por aquelas bandas. É que o fluxo de veículos será feito em seis faixas – três em cada sentido – localizadas em área adjacente ao polêmico empreendimento imobiliário que finalmente ali vem sendo implantado. No lugar das duas pistas agora antigas, será construído “o novo parque urbano do Recife”, segundo a Prefeitura, que “terá dez hectares de área pública”. Com isso, os motoristas que iam de carro do Centro para a Zona Sul, deixam de ver a bonita Bacia do Pina.

“Serão três novas faixas: três no sentido Zona Sul-Centro e outras três sentido Centro-Zona Sul. Toda essa infraestrutura construída garante quase 10 hectares que vão ter utilização pública (a partir dos novos parques que serão feitos), tanto na área da margem da bacia do rio Pina quanto na área da Memória Ferroviária, que já faz divisa com a Avenida Sul”, explica o prefeito João Campos. “Essas ações de área pública são mitigação da iniciativa privada. Tem mais de R$ 120 milhões em obra que o privado está fazendo para fins de utilização pública, que foi uma pactuação do projeto aprovado pela Prefeitura. Então, a partir de amanhã será liberado esse novo viário e já será iniciada a construção de um dos novos parques da cidade para essa área”, diz.
Vamos ver se o parque vai ser público mesmo ou se acontecerá a mesma coisa que ocorre em frente às chamadas torres gêmeas, onde várias pessoas que tentaram admirar a paisagem da Bacia do Pina a partir do jardim prometido como área pública, são convidadas a sair por seguranças. Já houve até protesto de ciclistas que ocuparam o espaço pacificamente, para exigir o direito de acesso à paisagem usurpada. É esperar para ver no que vai dar. Pois a ocupação imobiliária do Cais José Estelita deu muito o que falar, e todo mundo sabe disso. E obrigou os órgãos públicos a discutirem com a comunidade o destino daquela área tão bonita e disputada pelo capital. Estava abandonada? Sim estava. Era a última grande área desocupada naquela região. Mas para o sociedade do Recife , ela não poderia ser loteada e se transformar em mais uma “selva” de concreto. Pelo menos, teremos parque…
Serão duas avenidas paralelas, uma mais próxima à Bacia do Pina, no sentido Zona Sul-Centro; e outra no sentido Centro-Zona Sul – adjacente à área onde funcionará o futuro Parque da Memória Ferroviária e chamada de Avenida Senador Francisco Pessoa de Queiroz. Os condutores que vêm do Centro em direção à sentido Zona Sul serão desviados logo após os armazéns do Cais José Estelita para a nova via. Já os que vêm no sentido oposto pegam o desvio logo após o Cabanga Iate Clube. A presença de retornos entre quadras facilitará a redistribuição do fluxo e reduzirá deslocamentos desnecessários, o sistema também contará com ciclovias e calçadas mais largas e niveladas com impacto direto na fluidez viária.

Quando o novo parque for entregue, haverá o prolongamento da Avenida Dantas Barreto, criando um eixo direto entre a Praça da República e o mar, com travessia nivelada para pedestres, permitindo que quem caminhe pelas calçadas da Dantas Barreto siga diretamente até a orla. Torcendo para que dê certo. Porque a Dantas Barreto, hoje, é um dos pedaços mais tristes e decadentes do centro do Recife, onde a segurança também é precária. Foi lá que foi destruída uma igreja centenária, a dos Martírios, para dar passagem ao alargamento da Av Dantas Barreto que leva praticamente a lugar nenhum. Agentes e orientadores de trânsito estarão no local durante os primeiros dias da mudança. É. Vamos aguardar para ver o tamanho do nó. E, depois, testar o que sobrou da paisagem que era nossa.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Direitos Urbanos; Hans Von Manteuffel/ Acervo #OxeRecife
Meu voto nesse prefeito nem.para síndico de predio.
ACERCA DO PROJETO VOU AVSLIAR.
Letícia, conhecendo aqueles espaços beco e beco, rua a rua, fico assustado com a cara de pau em fazer um Parque numa área deserta habitacionalmente e humanamente, traduzindo, insegura ao extremo para o Cidadão viver em sociedade. Alguns Moradores daquelas Torres recentemente inauguradas reclamam da segurança ao sair em seus automóveis para fazer a curva do Viaduto. Esse espaço onde começa da Av. Dantas Barreto com Rua Imperial e Avenida Sul se misturando com o Complexo Rodoferroviário é onde nasce o Bairro do Coque Raiz, daquele onde brincamos e jogamos futebol no Campo do Soldado bem perto do Fechado Colégio Joaquim Nabuco na Rua Imperial. Hoje se fazem Projetos sem olhar o entorno, um erro grave da ausência de Planejamento na Cidade, e ferindo de morte o Plano Diretor da Cidade e completamente deformado pelas últimas intervenções dessas ciclovias que já começam inundar ruas de alguns bairros sem precisar da água de chuva, basta passar pela Rosa e Silva com o afundamento de suas vias e pela Rui Barbosa, erosão provocada pelas intervenções de ruas laterais, imaginem as Ruas limitrofes desse Parque, vão afundar o que resta do Bairro de São José e Cabanga. O pior é que nossos “çábios vereadores” aprovam tudo como conhecessem as ruas do Recife e seus segredos aquáticos que pouco conhecem. Infelizmente estamos numa Cidade abandonada pela própria sorte, para o ano aquele estúdio nas Graças onde os marqueteiros fazem produções de uma Cidade que não existe, onde atores lindos riem como estivessem estudando em uma Escola de primeiro mundo ou sendo atendidos em um Hospital Particular, e, tudo termina com a vitória do “bonitinho e lindinho” e nossa Cidade morrendo de Inanição Administrativa. Na semana passada amigos do Bairro de São José me alertaram de que temos de abrir os olhos com essas Intervenções, e os Comerciantes da Rua das Calçadas já falam que podem ser vitimados por essas intervenções. Para concluir, quando um Governante Intervém em um espaço da Cidade onde seus olhos se limitam ao lazer, é bom lembrar de que onde se diverte também flui a Economia por inteira da Cidade e sua Vida Social, Econômica e Financeira, Povo ainda é Cidadania e Vida Social não depende do que o STF acha ou quer para o Cidadão, o que queremos não passa pelo o STF, é uma Cidade Justa e Digna, Feliz e com Oportunidades de Vida para o seu Cidadão, nossas Vidas não dependem de ninguém de Toga, somente de Deus e nosso Trabalho de Construção Social e Interação Humanitária . Que Deus Proteja o Recife !
Teria ficado melhor se o prefeito tivesse liberado o prédio, limitando sua altura e construído também casas populares. Também não tive notícia dele fazendo pistas para bikes – numa cidade como o recife, a bike será sempre mais útil, inclusive por ser ecológica, considerando que o recife é uma cidade sobre mangues e rios.