Péssima notícia para quem tem o civilizado e saudável hábito de separar o lixo. Principalmente no Brasil, onde esse tipo de iniciativa além de contribuir para a preservação do meio ambiente, tem grande importância social, sendo meio de vida para um mundão de gente. Soube hoje que os dois pontos que restam da Estação de Reciclagem Pão de Açúcar Unilever vão ser fechados. Na Zona Norte, onde eu resido, a coleta fica no Supermercado Pão de Açúcar, na Rua Desembargador Goes Cavalcanti, perto do Hospital Agamenon Magalhães. E atende a um montão de gente dos bairros de Casa Amarela, Santana, Casa Forte, Monteiro, Apipucos, Parnamirim.
Garrafas, papel, vidros, latinhas de cerveja, tudo eu levava para lá. Eu e centenas de moradores da área. A informação sobre o fim da atividade já foi antecipada pela empresa à Cooperativa de Trabalho de Catadores de Resíduos Sólidos e Recicláveis. Foi o que a Presidente da Coopagres, Laudiceia Maria Santos, informou ao #OxeRecife. “A gente já devia ter saído de lá desde o último dia 10 de julho, conforme eles nos avisaram. Mas estamos em entendimento com a Prefeitura do Recife, para que nos arranje um lugar para colocarmos as estações”. Laudiceia pretende aproveitar os conteiners cedidos pelo Pão de Açúcar, para continuar a coleta em outros locais. “A gente precisa que seja uma área segura, essa é a principal exigência”.

Ela lamenta o fim da estação. “Lá em São Paulo eles tinham 50 estações e fecharam tudo”. E acrescenta: “E aqui, tinha nos supermercados Extra e Pão de Açúcar, mas ultimamente só o do Parnamirim e o de Piedade continuavam com esse tipo de serviço”. Pessoas que moram próximo ao Pão de Açúcar, como é o caso da professora de Pilates Paula Hirakawa, lamentam o fim da Estação na loja do Parnamirim. Ela ainda não sabe onde vai fazer o descarte dos seus recicláveis. A Coopagres possui 26 cooperados. A cooperativa fica no bairro de São José, e conta com colaboração de repartições públicas federais, estaduais, aeroporto e também de shopping centers, como é o caso do RioMar. A atividade permite a cada cooperado uma retirada mensal média de R$ 900.
Os coletores da Prefeitura que ficam espalhados em alguns praças, como a de Casa Forte e a Silva Jardim, têm problemas graves. Dia desses fui depositar o lixo em uma delas, e fiquei procurando a boca de cada material diferente. Mas um homem se aproximou e disse: “Não procure não, que é tudo junto e misturado”. Uma prática que nem educa nem ajuda. Outros coletores, como o que vi em alguns altos do Recife, parecem até chiqueiros, como o da foto, que encontrei no bairro popular de Três Carneiros. Aos moradores da Zona Norte vai restar outra opção de destino certo dos resíduos recicláveis: a Associação Meio Ambiente Preservar e Educar (Amape), liderada pelo empresário Sérgio Nascimento. Ele fez do seu armazém de construção – o Etapa Final – não só um ponto de coleta, como desenvolve trabalho social e de educação ambiental com catadores, alguns dos quais viraram artesãos. Anotem o endereço dos coletores: Rua Oscar Ferreira (338), na esquina com a Estrada do Arraial, no bairro de Casa Amarela.
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife