Vitória: teatro de Osman Lins em cena

No sábado, nem fui a nenhuma prévia carnavalesca e também não participei da Caminhada do Frevo, em que o Grupo MeninXs na Rua faz a pé o percurso entre o Recife e Olinda. É que tive que ir a Vitória de Santo Antão, participar do encerramento do Projeto Formação e Capacitação: Inovação Teatral, Um Olhar Lúdico sobre a Dramaturgia de Osman Lins (foto acima). Valeu a pena. Deu para perceber a qualidade do trabalho de grupos de teatro que atuam no interior do Estado. A apresentação dos resultados de oficinas realizadas durante quatro meses em quatro áreas do Estado – Região Metropolitana, Zona da Mata, Agreste e Sertão –  ocorreu em Vitória de Santo Antão, cidade onde nasceu o autor.  Os resultados surpreenderam Geraldo Cosmo, ator, produtor executivo e idealizador do Projeto.

Ela lembra que a animação era tanta, que houve dia com registro de mais de 500 mensagens em grupo de rede social para troca de ideias e monitorar o andamento do projeto. “Os resultados foram muito maiores do que eu esperava. A ideia era a realização de quatro meses de curso, com um encontro final para apresentação de esquetes. Pensei que os diretores fossem escolher  apenas fragmentos da obra de Osman Lins, mas eles queriam fazer quatro espetáculos diferentes. O Projeto, no entanto, não era destinado a financiar espetáculos, mas à efetivação de aulas de teatro. Não havia verbas para mais, não tinha como dar mais suporte”, contou. O Projeto se encerrou no sábado, mas é provável que tenha rendido frutos, pois revelou muitos e jovens talentos. Os grupos se organizaram e, ao invés de esquetes, fizeram foi espetáculos mesmo (sendo um ao ar livre). E tão bons que houve até quem lamentasse, perto do encerramento da última apresentação da noite, no caso Lisbela e o Prisioneiro.

Carlos Silva, Charlon, a titular do #OxeRecife, Lucard e Leonardo Edardna, em Vitória de Santo Antão: Osman Lins.

Na plateia do Teatro Silogeu, em Vitória de Santo Antão, uma garotinha de apenas nove anos não parava de gargalhar com as peripécias de Leléu, o herói malandro de Lisbela. Apagam as luzes, a plateia aplaude, pensando tratar-se do fim da peça. Acendem-se as luzes, atores voltam para encenar o resto da comédia, por Leonardo Edardna, “Ah, que bom que não acabou”, suspira a menininha, que não tem oportunidade de ir sempre ao teatro. E a turma botou para quebrar: Veja quais foram os textos selecionados pelos diretores e suas  respectivas cidades: Ecos de mim: um exercício lúdico entre personagens e seu dramaturgo (Emanuel David D´Lucard, Camaragibe); Um Conto e um pouco de mim: Elegíada (Charlon Cabral, Limoeiro); Mistério das Figuras de Barro (Carlos Silva, Serra Talhada); Lisbela e o Prisioneiro (Leonardo Edardna, Vitória de Santo Antão).

A quantidade de pessoas participantes dos cursos nos quatro municípios foi tão grande que na apresentação final, diretores como Charlon Cabral e Carlos Silva usaram estratégias semelhantes para contemplar todos os “alunos”: utilizaram vários atores para  fazer um mesmo personagem, em sistema de revezamento, o que contribuiu para tornar ainda mais interessante o encerramento do curso, pois os esperados esquetes transformaram-se, na verdade, em encenações de 30 minutos com tudo que uma peça de teatro tem direito. E muito criativas. Nota dez para Geraldo Cosmo (produção executiva/ elaboração do projeto), Patrícia Assunção (Coordenação Pedagógica/ Assistente de Produção), Mariá Siqueira (Consultora Literária – Osman Lins). Parabéns aos atores, diretores e toda equipe do Projeto. O #OxeRecife vai voltar ao assunto posteriormente, tratando de cada um dos quatro grupos e os respectivos trabalhos em suas cidades.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Projeto Um Olha Lúdico sobre a Dramaturgia de Osman Lins

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