Gente muita passa diariamente pela Praça Adolpho Cirne, pelas Ruas do Riachuelo ou Princesa Isabel e nunca, mas nunca mesmo, se aventurou a entrar na Faculdade de Direito do Recife, uma das relíquias arquitetônicas de nossa cidade. Quem nunca o fez, não sabe o que está perdendo. Se é imponente por fora, com seu estilo eclético, a FDR surpreende por dentro. E também tem história de sobra a oferecer, sobre os 190 anos de funcionamento daquele que foi um dos dois primeiros cursos de Direito do Brasil. No próximo sábado, você tem oportunidade de fazer uma visita guiada por todo o belo e secular prédio da FDR.
A visita guiada é o primeiro evento da 2ª Semana Nacional de Arquivos da FDR, que acontece entre os dias 2 e 8 de junho na própria FDR, e que constará, também, de debate e exposição. A iniciativa é do Projeto Memória Acadêmica, que tem por objetivo resgatar e preservar a memória da instituição, cuja história se confunde com a do Recife, de Pernambuco, do Brasil. A Semana abre com visita guiada às 14h do dia 2. Qualquer pessoa acima de doze anos pode participar. Mas é preciso se inscrever no link . As inscrições para a visita guiada já estão abertas e são gratuitas. Como vocês devem saber, o prédio da FDR tem estilo eclético, com predominância de detalhes neoclássicos.
A construção do prédio da FDR teve início em 1907, embora a pedra fundamental tenha sido lançada em 1889. O trabalho foi concluído em 1911, e a partir de 1912 começou a funcionar como faculdade (o Curso de Direito, no entanto, teve início em Olinda, em 1827, por determinação de decreto imperial). A visita guiada tem início em um dos seus anfiteatros, cuja mobília ainda é original, tendo sido fabricada pela Maple & Co com exclusividade para a FDR. Na época, a Maple tinha sede em Londres (com filiais em Paris e Buenos Aires) e era a principal fábrica de móveis do mundo. Dali, os visitantes vão ao Diretório Demócrito de Souza Filho, que foi aluno da FDR e morreu baleado em ato de protesto contra a ditadura de Getúlio Vargas, na vigência do Estado Novo. Em seguida, uma outra aula de história, na Sala Castro Alves, dedicada a um dos mais célebres alunos do curso de Direito em Pernambuco ( sua passagem, no entanto, é anterior à construção do prédio onde hoje funciona a FDR).
Daí, segue-se para a entrada de paredes e colunas decoradas e em cujo piso de mosaicos ladrilhados há vários símbolos da Justiça e que remetem a fatos da história universal. A próxima estação é na Sala dos ex-diretores, na qual consta a foto de Joaquim Amazonas, criador da Universidade do Recife e que daria origem à Ufpe. “O curso de Direito nasceu em Olinda, e a Ufpe nasceu na Faculdade de Direito do Recife”, costuma dizer Fernando Batista, funcionário da Ufpe, com dissertação de Mestrado sobre a FDR e escalado para participar do evento. No roteiro, ainda, o Salão Nobre e o Salão de Espelhos. O prédio da FDR foi construído por José de Almeida Pernambuco, mas o projeto arquitetônico é do francês Gustave Varin. No dia 5, às 9h30, haverá debate sobre Arquivos, Patrimônio e Memória. Entre 4 e 6, no salão de entrada tem a exposição A história da FDR em documentos. E no dia 8 (sexta), às 8h, haverá uma outra Visita Guiada ao Arquivo e Hemeroteca da FDR. A programação completa da Semana pode ser acessada em www.ufpe.br/memoriafdr
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Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Foto: Fernando Batista/ Cortesia