Vexame na abertura do Festival de Dança. Hoje tem Grupo Corpo de novo

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Tive muita vontade de sair de casa, na sexta, para assistir ao espetáculo duplo do Grupo Corpo (MG), no Teatro Santa Isabel, quando aquela companhia comemoraria os 50 anos de estrada com “Piracema” e “Parabelo”, que marcaram a estreia da 28ª edição do Festival Internacional de Dança, que por dez dias movimenta palcos e praças do Recife.  Infelizmente o horário da apresentação coincidia com o trânsito infernal que separa minha casa do centro da cidade. Além disso, como o espetáculo é gratuito e essa facilidade normalmente atrai multidões a teatros, resolvi não disputar ingresso para ter acesso ao Teatro Santa Isabel. Mas soube por pessoas que lá estiveram que foi “babado”   Muita gente do lado de fora, embora no interior do teatro houvesse muitas cadeiras vazias (foto acima).

“A confusão é grande, pois tem uma multidão esperando por ingresso lá fora e há um monte de cadeira vazia aqui dentro”, disse-me S.S.L na noite da sexta. Ela é leitora do #OxeRecife, estava na fila desde cedo e só conseguiu entrar por conta da prioridade para idosos. Servidora pública que pediu para não se identificar, ela contou ao Blog: “Virou um climão, e algumas pessoas que estavam no interior do teatro começaram a se queixar em voz alta”, diz. Uma jovem na plateia se levantou e gritou que o teatro tem 500 lugares mas que “só cem ingressos foram distribuídos”. A prática de reservar lugares  aos patrocinadores é comum em eventos culturais. Que, muitas vezes, não dão as caras. No interior do teatro, depois das vozes de protesto, alguns espectadores a mais tiveram acesso.

Multidão acorreu ao Santa Isabel para ver o espetáculo gratuito do Grupo Corpo, mas teve gente que ficou fora

Detalhe: até mesmo integrantes do Grupo Recordança – que é o homenageado do Festival – foram barradas. E tanto foi assim, que a Mestre de Cerimônia as convocou ao palco e as moças não apareceram. “Uma pessoa na plateia avisou que elas não conseguiram entrar, que estavam lá fora”. Só após o intervalo, o Recordança teve acesso ao teatro e aí, sim, recebeu a homenagem. O Recordança tem importante trabalho na preservação da memória da dança, pois mapeia todos os grupos e tipos de dança registrados no estado, incluindo os que trabalham com pessoas com deficiência.

As pessoas reclamaram da confusão com razão. Não porque é porque um espetáculo é gratuito, que o público deve ser tratado com desrespeito e humilhação. Alguns sugeriam que deveria ter uma sessão extra só para convidados, outra para os mortais comuns, o  que evitaria tal vexame. Aviso aos navegantes: nesse sábado tem mais uma sessão, que já estava programada anteriormente. O início da apresentação está marcado para 20h no Teatro Santa Isabel. Chegue cedo, para não “boiar”. Vamos ver se a Secretaria de Cultura se pronuncia.

Recordança: integrantes foram barradas, mesmo sendo homenageadas. Só no segundo tempo conseguiram entrar no TSI

Nos links abaixo, informações sobre o festival e o Recordança. No serviço, confira a programação de sábado e domingo

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SERVIÇO
28º FESTIVAL INTERNACIONAL DE DANÇA DO RECIFE
Quanto: De 17 a 26 de outubro
Onde: Vários teatros e espaços públicos do Recife

PROGRAMAÇÃO
DIA 17 (SEXTA-FEIRA)
Parabelo e Piracema, Grupo Corpo (MG)
Horário: 19h
Local: Teatro de Santa Isabel
(Libras + Audiodescrição)

DIA 18 (SÁBADO)
Tardezinha no La Greca e abertura da exposição RecorDança: Acervo em Movimento
Horário: A partir das 14h
Local: Murillo La Greca
Exposição Corpo Ancestral: Dança Nagô em Movimento
Horário: 18h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Show de Flaira Ferro (PE)
Horário:19h
Local: Teatro Apolo
(Libras)
Le Sacre du Sucre, com Léna Blou (França)
Horário: 20h
Local: Teatro do Parque
Parabelo e Piracema, Grupo Corpo (MG)
Horário: 20h
Local: Teatro de Santa Isabel
(Libras + Audiodescrição)

DIA 19 (DOMINGO)
Aulão de Frevo, com Flaira Ferro (PE)
Horário: 10h às 11h30
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Cavalas, com Alana Falcão e Ana Brandão (BA)
Horário: 18h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
(Libras + Audiodescrição)

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: De leitora e Acervo #OxeRecife

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Um comentário

  1. Cultura no Brasil se tornou “plataforma de politicagem” , o cidadão procura ver a Arte da Dança e quem dança é ele para assistir os espetáculos. Os Teatros vazios, o dinheiro público pelo ralo, a Arte e os Profissionais da Dança tratados como mendigos atrás de patrocinadores e ver anos de dedicação e trabalho na lata do lixo. No Recife são tantos “Gênios da Cultura” que procuramos o que eles fazem pela Cultura e sobra somente os rios de dinheiro público que eles sacodem nos bolsos no troca-troca político e quando se aproxima o ano de Eleições é que a porca ronca, e que falem as Colunas Sociais com fotos dessas figuras estranhas apelidadas de “Gênios da Cultura”. Letícia, temo que nossas Casas de espetáculos se tornem esse imenso deserto que estão as ruas do Recife, e o que me deixa triste e envergonhado com os nossos governantes é ver a morte da Arte em todas as suas Expressões morrer de inanição administrativa em seu nascedouro por descasos como esse. Minha solidariedade aos Profissionais da Dança em Pernambuco, e, pela experiência de assistir muitos vexames nesse mundo da Cultura no Brasil peço aos jovens que defendam a Expressão de sua Arte sem viés políticos ideológicos e se afastem de Homens Públicos que se utilizam de sua Arte para conseguir votos, vejam os milhares de shows vazios e Artistas sem espaço e vez na Vida Cultural do Brasil por optarem em serem buchas de canhão de maus políticos. Expressem sua Arte como vindo da alma e do coração e nunca das ideologias ou dos discursos vazios que até nos lugares mais pobres do Brasil o povo já não suporta ver ou escutar cansados dessa perdição politiqueira. Aprendi nas ruas que a Arte é bem simples, ofereçam uma oportunidade a uma Bande Música do Interior, por exemplo e nem sei mais se ainda existe, a Nova Euterpe lá de Caruaru tocar nas ruas do Recife em um Teatro de nossa Cidade, garanto que todos irão dançar e harmonizar a alma em meio a tanta escuridão no meio cultural e poderão ouvir dobrados que matarão de saudades as crianças de ontem em suas Cidades no interior profundo do Brasil. A Arte nasce no Brasil bem nas Bandas Marciais dos Colégios do Interior como por exemplo a Banda Marcial 03 de Agosto de Vitória de Santo Antão, Patrimônio Imaterial e Cultural de Vitória de Santo Antão onde muitos jovens iniciaram a Arte da Música em suas Vidas.

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