Não vi, mas acho que vale a pena ver. Já assistido por mais de dez mil pessoas em 27 cidades brasileiras, a peça “Cordel do Amor sem Fim ou A Flor do Chico”, do grupo Os Geraldos, chega ao Recife para dupla apresentação. O musical – que versa sobre a cultura popular, seguindo o traçado de 16 anos da companhia de Campinas – ocupa o Teatro Luiz Mendonça, em Boa Viagem, para sessões gratuitas dias 5 e 6 de setembro, às 20h. Os ingressos já podem ser retirados no Sympla. Ou, também, uma hora antes de cada apresentação na bilheteria do teatro. A montagem, que estreou em 2021 após ser adiada por dois anos devido à pandemia, conta com texto de Claudia Barral e inaugura a parceria do grupo com ninguém menos que Gabriel Villela, um dos mais premiados diretores do país, que tem uma multidão de admiradores e discípulos.
Gabriel também assina figurinos e cenários. Então, já dá para imaginar a qualidade do que a gente vai ver… “Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico”, apontado como uma espécie de “Romeu e Julieta” ribeirinho com estética barroca mineira. E conta a saga de três irmãs que vivem em Carinhanha, uma cidade do sertão baiano, às margens do Rio São Francisco. A mais nova das moças, às vésperas de seu noivado, apaixona-se por um viajante no porto, um acaso que muda o rumo de todas as personagens dessa história sobre a espera, o tempo e o amor. O espetáculo tem músicas cantadas ao vivo, elenco de doze atores e canções da Música Popular Brasilera. O espetáculo tem todos os ingredientes que contribuem para o seu sucesso.
E no Recife, com certeza, não será diferente. Pois reúne artistas que têm em comum o trabalho com o teatro popular: o diretor mineiro Gabriel Villela (com seu universo barroco, musical, colorido e popular); a dramaturga Claudia Barral (nascida em Salvador e inspirada pelas narrativas, poesias e culturas locais do sertão baiano); e o grupo de Campinas Os Geraldos (cuja trajetória é pautada na ampla circulação pelo Brasil, principalmente nas cidades pequenas). Eles já passaram por mais de cem municípios de dez estados brasileiros, além de três outros países: Argentina, Peru e Marrocos. A última peça que assisti sobre o gênero literário ainda tão em voga no Nordeste foi “A Peleja de Leandro na trilha do Cordel“, que foi encenado de forma gratuita, no Sítio da Trindade, em Casa Amarela,Zona Norte do Recife. Foi uma tarde linda e mágica. Depois, o grupo encenou o mesmo espetáculo, no Parque Dona Lindu, também ao ar livre e também de graça.
“Cordel do Amor sem Fim – ou “A Flor do Chico” tem alcançado sucesso de público e crítica em importantes circuitos teatrais brasileiros, como o Festival de Curitiba, o Cena Contemporânea (Brasília), o Tiradentes em Cena (MG) e o Festival Nacional de Teatro de Passos. A turnê pelo Norte e Nordeste, que já passou por Belém e segue agora para São Luís (30 e 31 de agosto), Recife e Salvador (14 e 15 de setembro), conta com o patrocínio master da Vale, multinacional brasileira de mineração e uma das maiores operadoras de logística do país. A Vale é reconhecida como uma das principais empresas de mineração do mundo e a maior produtora de minério de ferro, pelotas e níquel.
Além das apresentações, a programação no Recife inclui uma residência artística com quatro oficinas: “Gestão Cultural”, “Acompanhamento da Montagem Técnica”, ‘Acompanhamento do Ensaio Musical” e “A Música e a Cena”. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas, em breve, através deste link. A companhia “os Geraldos” tem sede em Campinas (SP) desde 2008 e atua em três frentes de trabalho: Criação Artística, ao criar e manter em circulação seus espetáculos; Projetos Formativos, ao oferecer cursos sobre a arte do ator e gestão cultural a partir da prática do grupo e de pesquisas de mestrado e doutorado de seus integrantes; e Territórios Culturais, ao instituir espaços que possam sediar, para além das atividades do grupo, outros eventos artísticos, como ocorre em sua atual sede, o Teatro de Arte e Ofício (TAO), um dos mais importantes espaços culturais de Campinas. No vídeo abaixo, você confere o trabalho do grupo:
O grupo já circulou por mais de 100 municípios, de três países e de dez estados brasileiros, e foi indicado ao Prêmio Governador do Estado de Territórios Culturais (2017), além de receber mais de 40 prêmios em festivais nacionais e internacionais. É filiado ao ISPA (Sociedade Internacional de Artes Performativas) desde 2023. Neste 2024, partirá para Barcelona para participação do projeto La Casa del Teatre Nu: Residency for Performing Artists. Já Gabriel Villela dispensa apresentações. Além do sucesso no teatro, ele tem importante contribuição para a MPB, assinando a direção de shows de Maria Bethânia, Milton Nascimento, Elba Ramalho e Ivete Sangalo, entre outros. Ele já dirigiu mais de 50 espetáculos teatrais, participando de edições do Festival de Curitiba com obras como “A Vida é Sonho”, “Romeu e Julieta” e “Sua Incelença, Ricardo III”. Trabalhou com artistas como Renata Sorrah, Laura Cardoso, Beatriz Segall, Regina Duarte, entre outros grandes nomes das artes cênicas nacionais. Já recebeu prêmios como Molière, Sharp, Shell, APCA, Zilka Salaberry, além de dezenas de premiações internacionais, como no Festival Theater Der Welt in Dresden (Alemanha), World State Festival (Canadá), “Globe to Globe” no Shakespeare’s Globe Theatre (Inglaterra).
Sua poética e produção artística estão registrados no livro “Imaginai! O Teatro de Gabriel Villela”, de Dib Carneiro Neto e Rodrigo Audi, lançado em 2017 e vencedor, na categoria de Livro de Arte, do Prêmio Jabuti 2018. Recentemente, foi vencedor do Prêmio Governador do Estado na categoria Teatro pela direção de “Ubu Rei”, sua segunda parceria com Os Geraldos. Em mais de 30 anos de trajetória, foi a primeira vez que Villela dirigiu um espetáculo no interior paulista, levando a Campinas profissionais como Babaya Morais, de Belo Horizonte (MG), Francesca Della Monica, de Florença (Itália) e Everton Gennari, de Birigui (SP), que trabalharam a espacialização e antropologia da voz. Também o assistente de figurinos e adereços José Rosa, de Caculé (BA), e os assistentes de direção Zé Gui Bueno e Ivan Andrade, de São Paulo.
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SERVIÇO
“Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico”
Dias 5 e 6 de setembro (quinta e sexta), às 20h
Teatro Luiz Mendonça – Parque Dona Lindu: Av. Boa Viagem, s/n – Boa Viagem, Recife
Informações: (81) 3355.9821
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 60 minutos
Capacidade: 587 lugares
Ingressos gratuitos
Retirada no Sympla (clicando aqui) e uma hora antes de cada sessão na bilheteria do teatro
Classificação indicativa: 14 anos
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Ricardo Romero/ Os Geraldos /Divulgação
Deve ser realmente maravilhoso Letícia e seu texto aguçou ainda mais a vontade de assitir esse espetáculo. Uma junção de coisas boas só pode redundar em uma coisa melhor ainda!
Assistindo ao video do trailer dá pra perceber que tem um colorido mágico e um universo cativante. Espero conseguir ver. Obrigado