Está certo. Com a pandemia, tem muita gente no meio artístico que está sobrevivendo às custas de doações e até mesmo de cestas básicas. Artistas vivem de shows. Mas amargam as consequências dos palcos vazios, devido à pandemia. Em 2020, participaram do carnaval, mas logo depois o coronavírus espalhou-se. Não houve São João, nem festejos natalinos. Em 2021, nem carnaval, nem comemorações juninas. E aí… ficou difícil. Por esse motivo, o governador Paulo Câmara (PSB) assinou, na manhã desta sexta-feira (28.05), projeto de lei que concede apoio financeiro para artistas e grupos culturais da tradição junina de todo o Estado.
A iniciativa cria o Auxílio Emergencial do Ciclo Junino de Pernambuco, seguindo o mesmo modelo do benefício concedido à classe cultural no Carnaval deste ano. Por conta da pandemia da Covid-19, essas categorias profissionais estão impedidas de promover atividades há mais de um ano. Como se sabe, as quadrilhas se sofisticaram e contam com profissionais como cenógrafos, figurinistas, coreógrafos. Têm até enredo, como ocorre com desfile de escolas de samba. Todo mundo está parado, e nem cachês há para os grupos. O projeto será enviado para análise na Assembleia Legislativa, e deve destinar recursos de R$ 3,2 milhões. Uma vez aprovado, o edital será lançado com divulgação das regras.

E deve beneficiar mais de 400 artistas e grupos culturais que foram contratados pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e/ou pela Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur) nos ciclos juninos dos anos de 2018 e 2019. O governador calcula que serão contempladas mais de cinco mil pessoas. De acordo com o socialista, os pagamentos deverão ser efetuados no final do mês de julho. O valor do Auxílio Emergencial Ciclo Junino de Pernambuco corresponderá a 60% do último cachê recebido pelo artista ou grupo cultural, por meio de contratação com a Fundarpe ou Empetur nos ciclos juninos.
Os valores definidos terão um piso de R$ 3 mil e um teto de R$ 15 mil, pagos em parcela única, o que é uma boa. Até porque em tempos normais, os artistas penam para receber os cachês dessas festas, muitas vezes meses depois. A execução dos pagamentos ficará a cargo da Fundarpe. Entre as atrações artísticas contratadas pela Fundarpe e/ou Empetur nos ciclos juninos de 2018 e 2019 estão: quadrilhas juninas, cirandas, grupos de coco, xaxado, bacamarteiros, bois, trios de forró-pé-de-serra, bandas de forró e artistas solo. A medida é certa, pois há grupos – como as quadrilhas – que se preparam o ano inteiro para as festas juninas, quando recebem cachês por participação nos festejos da época. Em 2020, houve algumas comemorações, mas com público limitado e transmissão virtual. E a Forrovioca circulou levando às ruas do som do forró. Mas sem arrasta pé.
Provavelmente, durante o período junino Pernambuco ainda estará sob medidas restritivas, talvez mais ou menos rigorosas do que as que vigoram até o dia 6 de junho. Tudo depende do comportamento da pandemia. Nessa sexta, foram notificados 736 novos casos da Covid-19, totalizando em 473.326 o número de pessoas que já foram infectadas pela doença no estado. Também foram confirmados 62 óbitos, somando-se 15.657 o total de vidas perdidas para a infecção. É muita gente.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Acervo #OxeRecife