O carnaval sempre revela gente bonita. E não estou me referindo só à beleza física de mulheres saradas e bronzeadas que a gente vê nos blocos, mas principalmente nas escolas de samba (no Rio de Janeiro) e nos maracatus (no Recife). Refiro-me sim à beleza das pessoas. Gente que se diferencia pelas suas atitudes. Mas que a gente praticamente só lembra delas no carnaval. Infelizmente. Uma dessas pessoas é Joana D´Arc, a única mulher mestra de maracatu de baque virado em Pernambuco.
Aos 39 anos, ela comanda – com seu apito – os batuques da Nação do Maracatu Encanto do Pina. E lidera outros grupos como o Baque Mulher (com componentes só do sexo feminino) e Mazuca de Quixaba (grupo de coco de terreiro). Joana também é coordenadora e coreógrafa do naipe dos Abês da Nação do Maracatu Porto Rico. “Sou nascida dentro do maracatu”, diz. “Tornar-se mestre de uma Nação é um processo longo e intenso, social, religioso e cultural”, acrescenta.
“Por ser única mulher à frente de uma Nação, minha posição é também de luta e resistência feminina”, acrescenta. Através do maracatu, ela acolhe idosos, crianças e comunidade LGTB, fortalecendo valores como a promoção social, o exercício dos direitos civis, o combate ao racismo. Também faz campanha de apadrinhamento, para que crianças carentes da comunidade do Bode contem com um “padrinho” (a), que as ajude nos estudos, na aquisição de material escolar, e no combate à vulnerabilidade social. Joana D´Arc é quem, é gente. O Bode fica à margem do Capibaribe, no Pina, Zona Sul do Recife.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: João Urban/ Divulgação/ Maracatu Encanto do Pina