A terceira edição do Festival Internacional de Palhaças do Recife, o PalhaçAria, levou muita alegria aos palcos de ruas do Recife, durante essa semana, brindando o público com espetáculos memoráveis e inclusive como fonte de educação ambiental, como pôde ser observado em O Jardim do Imperador (Cia Pelo Cano), Divagar e Sempre (Las Cabaças) e Dia de Caça (Las Cabaças). A palhaçaria, no entanto, não nega uma musa inspiradora: Teresa Ricou, a personagem Teté. Aos 70 anos, ela é ninguém menos que a primeira mulher a atuar como palhaço, ops…, palhaça, em Portugal.
Mas não é só isso. Vejam o que ela diz sobre esta arte. “O palhaço é aquele que, de forma cômica, se expõe publicamente, em pista, na rua ou no palco, para retratar a sociedade”. E completa, mostrando quanto é importante e desconfortável, muitas vezes, o papel de palhaço. “Incômodo, porque nos faz pensar e sentir, porque ele denuncia, ele é denunciador, ele é o povo”. Para Teresa, além do papel social, ser palhaço é um ato de doação. “O palhaço dá aos outros, o melhor que tem, ou seja, a sua arte, o seu altruísmo, a sua generosidade, pois ele transforma-se para fazer rir o outro”.
Em Lisboa, Teresa é a principal responsável pela Escola Chapitô (Escola Profissional de Artes e Ofícios do Espetáculo), “cuja trajetória confunde-se com a própria trajetória de vida” da palhaça portuguesa, universalmente seguida. De acordo com a publicação Palhaçaria (com programação, expediente, históricos de grupos e informações sobre a atividade) , a Chapitô coloca “a arte a serviço da inclusão social de bairros degradados de grandes cidades, ruas e outros espaço, com objetivo de incentivar os jovens na descoberta de seus talentos, das suas competências, para uma vida de dignidade e trabalho”. A Chapitô tem três décadas de serviço prestados, estimulando as mudanças sociais através de artes circenses. Teresa é gente, é quem.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / PalhaçAria