Há um grande contraste entre duas universidades públicas que funcionam no Recife. Uma fica na Zona Oeste, outra na Zona Norte. Uma abre os gramados do campus para o público, que utiliza suas áreas verdes para correr, andar, pedalar, praticar outros exercícios e até para fazer piqueniques. Seu campus é utilizado por moradores da Várzea, Engenho do Meio, Caxangá, Cordeiro e bairros vizinhos. A outra é comparada a um “quartel” pela população de bairros como Sítio dos Pintos, Dois Irmãos, Monteiro, Apipucos, Macaxeira.
A primeira é a Universidade Federal de Pernambuco, cujo acesso aos seus verdes jardins é democrático. A segunda é a Universidade Federal Rural de Pernambuco, cujos portões estão fechados ao público. Eu, que costumava caminhar de manhã pelas suas verdes alamedas, fui “barrada” nesta semana. Está tudo no cadeado, exceção para o setor onde há um posto de vacinação, ao qual a população tem acesso. Mas só para receber as pessoas que vão tomar as doses contra o coronavírus. Populares que moram na vizinhança reclamam até da falta de acesso aos frutos que, no verão, estão caindo e se perdendo no chão aos borbotões. A UFPE esteve fechada durante a pandemia, mas com a flexibilização das medidas de segurança sanitária, voltou a abrir os seus portões. E não é só para servidores, terceirizados e estudantes. Mas também para toda a população dos bairros próximos, que caminha, pedala, deita no gramado.
Ou seja, o campus da UFPE virou o “Central Park” da Zona Oeste. Pelas fotos (galeria abaixo), dá para perceber. Antes da pandemia, a UFPE chegou até a anunciar uma trilha dos baobás, que seria feita pelo público passeando pelo campus, já que é nele que fica a maior concentração no Recife da espécie africana que mora no coração dos pernambucanos. Mas com a crise na saúde pública, a trilha ficou apenas virtual. Mesmo assim, a frequência do público é grande, principalmente nas proximidades do Lago do Cavouco, que fica em área bem arborizada.
“É um ambiente saudável para praticar exercícios e respirar ar puro”, afirma Carlos Alberto Alves da Silva, morador do bairro da Várzea e frequentador assíduo do campus da UFPE. Ele é conhecido entre os estudantes e professores pelo seu zelo ao verde. É que ele não só caminha pelas ruas da UFPE, como já plantou mais de 300 mudas no campus, algumas das quais já são árvores adultas. Ele inclusive costuma fazer reposição de árvores erradicadas, com o plantio de mudas. De acordo com a UFPE, o campus ficou fechado a todo tipo de público durante o período mais pesado do isolamento social provocado pela pandemia.
Porém a partir de 1 de setembro de 2021, com o retorno das atividades administrativas, os portões foram abertos para o público em geral. De acordo com a Superintendência de Segurança Institucional, o principal (aquele da BR-101 para a Avenida dos Reitores), está com o acesso liberado a pessoas e veículos entre 5h e 22h, durante a semana. Já os demais portões de veículos, permanecem fechados, para coibir o tráfego de transporte pesado em vias internas da Ufpe.
Isso porque como há obras sendo realizadas na via local da BR-101, possivelmente os veículos pesados usariam como desvio vias da Ufpe que não foram projetadas para esse fim. Em todos os centros, os portões de pedestres funcionam de segunda a sábado, das 5h às 22h. Porém, há exceções para o do Centro de Ciências Humanas (CFCH), que abre para pedestres de 6h às 18h durante toda a semana, incluindo domingos e feriados. O #OxeRecife tentou, por várias vezes se comunicar com a assessoria de comunicação da UFRPE mas os telefonemas não foram atendidos.
Leia também
As mangas que deveriam ser do povo
Carlos planta 300 árvores no campus da UFPE e é confundido com professor
Ufpe terá trilha ecológica pela maior concentração de baobás do Brasil
Arquéologos revolvem o passado no antigo Engenho do Meio
Use o biribiri para remover manchas
Conheça a cerejinha do mato
Vamos visitar o urbano bairro da Várzea? HIstória é o que não falta
A Várzea de Nos tempos do imperador
Na Várzea, jaqueira lembra escravizados e vira memória de história de amor
Física da Ufpe brilha no Prêmio Nobel
Centenário de Paulo Freire tem livros com desconto na Editora da UFPE
Monumento Nacional, Faculdade de Direito no meio do matagal
Faculdade de Direito ganha livro sobre patrimônio e “gloriosa trajetória”
Visita guiada na Faculdade de Direito
Correção: Visita guiada à Faculdade de Direito, na sexta, exige inscrição
Faculdade de Direito abre para visitantes
Visitas guiadas fazem sucesso na FDR
Encenação, violino e rosas na FDR
As guardiãs de 190 anos de memória
Uma radiografia da FDR
Faculdade de Direito comemora história
Torre da FDR tomba e aulas são suspensas
Faculdade de Direito já está sem torre que ameaçava desabar
“A Casa de Tobias merece respeito”
Depois de quase desabar, torre da Faculdade de Direito volta ao seu lugar
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Carlos Alberto Alves da Silva/ cortesia e Banco de Imagens da UFPE
Excelente Letícia, é realmente muito estranho essa diferença, dois extremos, nos procedimento das duas Universidades. Parabéns pela matéria