Por conta da pandemia, fui votar no horário preferencial para idosos, entre 7h e 10h. Cheguei às 8h no Colégio Silva Jardim, e tinha gente na secção eleitoral. Todos idosos. O problema: Cada idoso que chegava queria passar na frente do outro. Todo mundo achando que estava na faixa de risco.
Passava direto e ia para a frente. Mas quem estava atrás, começou a se incomodar. “Ninguém respeita a fila não?”, indaguei, pois vi passar muita gente com idade inferior à minha frente. Chegaram duas pessoas com deficiência e, claro, tiveram prioridade. Mas… enquanto isso chegava um e dizia, tenho 60. Passava na frente de quem estava lá atrás e que tinha 75.
“Moça, todos aqui são idosos, mas tem idosos que estão passando na frente, qual é – enfim – o critério dessa fila?”. E ela respondeu: “idosos”. Logo em seguida, decidiu perguntar a idade dos eleitores e começou a chama-los em ordem decrescente. Ninguém reclamou. Apenas uma senhora, com pouco mais de 50 anos, teve prioridade com a concordância de todos.
Obesa, reclamava do calor, parecia passar mal e todos cederam a vez. Circulei pouco. Por conta da pandemia, tenho evitado qualquer tipo de aglomeração. Mas pelo menos por onde passei – no meu percurso a pé – até minha zona eleitoral vi tudo organizado e civilizado. O problema foi só a sujeira deixada por candidatos já que santinho era mato pelo chão. Nos canteiros, no meio-fio, nas praças. Distribuir santinho no dia da eleição é proibido. As nuvens de panfletos devem ter sido atiradas pela madrugada.
Os quatro candidatos mais bem posicionados nas pesquisas já votaram: João Campos (PSB), Marília Arraes (PT), Mendonça Filho (Dem) e Delegada Patrícia (Podemos). Agora, é esperar para ver. A julgar pela pesquisa do Ibope, os dois primeiros – que são primos – deverão se enfrentar no segundo turno. De acordo com o Instituto, os dois foram os únicos entre os quatro primeiros colocados nas pesquisas que só cresceram desde o início da campanha. João partiu de 32 por cento dos votos válidos no começo para 39 por cento no final. Marília subiu de 20 por cento para 26 por cento.
Mendonça começou com com 27 por cento e despencou para 18. A Delegada Patrícia – a cara nova dessa eleição – começou com 16,chegou a 20 por cento e deve terminar com 14 por cento dos votos válidos, caso se confirme a previsão do Ibope. Ela começou a derreter ao ser questionada sobre comentários ofensivos ao Recife e à sua população. E ainda foi buscar apoio do Presidente. Parece que o Capitão Bozó não acrescentou foi nada. Resultado: começou a campanha com o menor índice de rejeição e terminou com o maior entre os candidatos. Campanha é assim: um lapso qualquer pode ser fatal.
Leia também:
João Campos deve disputar segundo turno com a prima Marília
A voz do eleitor: “O Recife precisa de um prefeito que não seja cara de pau”
A voz do eleitor: “Por um Recife com igualdade social e ruas sem lixo”
A voz do eleitor: “Um Recife mais limpo, mais saudável, mais agradável”
A voz do eleitor: “Quero um Recife mais humano, disciplinado e consciente”
A Voz do eleitor: Gostaria que o Recife fosse uma cidade mais humana
A Voz do eleitor: “Quero a volta do orçamento participativo”
A voz do eleitor: “Gestão inclusiva, justa e participativa”
A Voz do eleitor: Espero competência, honestidade, dignidade
A Voz do eleitor: “Que o próximo gestor faça uso correto do dinheiro público”
A Voz do eleitor: Uma cidade justa, limpa e muito bem cuidada
A Voz do eleitor: Mobilidade, controle urbano, história preservada, cidade parque
A Voz do eleitor: Saneamento, mobilidade, saúde, patrimônio protegido
TCU: 10.000 candidatos receberam auxílio emergencia, treze em Pernambuco
Eleições municipais, 2020: Pernambuco tem 1.140 fichas sujas
O debate e perguntas sem respostas
Chame, chame a delegada
Cuidado com a Covid no dia da eleição
Lixo oficial à margem do Capibaribe, cidade entregue e prefeito impopular
E os 50.000 títulos de regularização fundiária?
Sessão Recife Nostalgia: “Quando a cidade era cem por cento saneada)
Você está feliz com o Recife?
O índice de felicidade urbana do Recife
Viva 2018, Recife
O Recife que queremos, em 2019
Recife, cidade parque em 2037
Aos 483, o Recife é lindo?
Recife se prepara para os 500 anos
Uma cidade boa para todo mundo
Pobre Recife. Será que isso vai mudar?
Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife