Mata destruída vira trabalho escolar

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Menino lindo, esse Felipe Alexandre Pereira Alves, 15, residente em Paulista. Ele é estudante do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco. E tinha pensado em fazer vestibular de Engenharia Civil. Mas mudou de ideia, depois que assistiu um documentário sobre a Amazônia, onde fica a floresta tropical que é considerada um dos pulmões do mundo.

“A destruição da floresta me deu um choque tão grande, que chorei”, confessa. Ele agora pensa em estudar algum curso que lhe dê oportunidade de trabalhar pela preservação dos nossos patrimônios verdes. E tanto é assim, que escolheu um tema relacionado com o assunto como projeto de iniciação científica. No caso, a fragmentação da Floresta Atlântica na cidade de Paulista, que fica na Região Metropolitana do Recife. E a ênfase do seu trabalho deverá ser a Mata do Frio, cuja devastação o #OxeRecife  já tem denunciado por várias vezes aqui nesse espaço, sem que os órgãos públicos tomem as devidas providências.

Uma das responsáveis pelo clima ameno daquela cidade – localizada a  15 quilômetros do Recife – a Mata do Frio vem sendo destruída sem dó,  e ocupada por condomínios construídos por empresas que parecem contar com conivência do poder municipal, no que diz respeito à destruição da vegetação nativa, remanescente da Mata Atlântica. Diante do que observa, o projeto de iniciação científica do estudante não teria, claro, outra motivação. Isso, no entanto, não é tudo para Felipe. No último sábado, por acaso estive em Paulista, junto com dois amigos: Fernando Batista e Antônio Marcos da Silva. Fomos observar a destruição das matas. E me dei ao direito de conhecer e visitar o garoto, que sempre conversa comigo via e-mail ou redes sociais, por conta da minha preocupação com a ação da motosserra insana no Recife e destruição das matas na Região Metropolitana.

Descobri um adolescente profundamente preocupado com o destino do meio ambiente no Brasil, no Estado e, claro, em sua cidade, Paulista. No seu quintal,  me defrontei com mudas  de barrigudas (ou paineiras), pitombeiras, pau-brasil, sapoti, entre outras. Pretende plantá-las em áreas devastadas. “Estou fazendo a minha parte”. A destruição não só da Mata do Frio, mas também de outros fragmentos verdes em Paulista, têm provocado um fenômeno curioso: presença de bichos silvestres nas residências. Na casa de Felipe, por exemplo, só nesta semana, eram abrigados uma iguana e um cágado. A iguana foi recolocada conosco em uma mata, na manhã do último sábado. E o cágado vem sendo alimentado com peixe e camarão. Quando estiver maior, ele e sua família pretendem encaminhar o bichinho à Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh). O cágado estava bem esperto, no final de semana. Poderia ter morrido atropelado, se não tivesse sido recolhido. E o #OxeRecife não ia deixar de fazer um Quem com Felipe. Há muitas autoridades por aí – não só em Paulista como no Recife – que deveria mirar-se neste exemplo de amor à natureza.

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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife

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