Tangidos para as áreas urbanas por conta dos desmatamentos, a cada dia os saguis ficam mais “íntimos” dos humanos. Aqui em casa já subiram até na mesa para procurar comida, em pleno café da manhã de minha família. Nesta semana, a leitora Kellen Cristina um e-mail ao #OxeRecife pedindo orientação porque apareceu um na casa dela e não mais se mandou. Por lá mesmo ficou. Kellen reside no Agreste e não sabia como proceder. Ficar com ou animal ou entregá-lo? Encaminhei a demanda dela à Cprh. Nesta semana, uma fêmea da espécie, aqui no Recife, passou por uma cesariana. Acreditam?
Foi assim. Uma sagui fêmea vivia há nada menos de seis anos no quintal da casa do jovem Charles Muller, no bairro do Arruda. O animal apareceu por lá ainda bebê, e a família se apegou ao bichinho que vivia solto nas redondezas. Mas voltava sempre para buscar sua comidinha, que ela não é besta. Saguis são espertíssimos. Na semana passada, a macaquinha entrou em trabalho de parto, e não conseguiu parir. Muller ficou desesperado. Botou o animal em uma caixinha e procurou clínicas veterinária. Mas o atendimento não era efetivado (não sei se por falta de preparo para atender a animais silvestres ou temendo a febre amarela, já que a morte de 14 indivíduos da espécie em Aldeia está sob investigação).
Em três clínicas, a gestante foi rejeitada. Ninguém quis fazer o parto da sagui, animal pequenino e delicado. Sem suportar ver o sofrimento da sagui e temendo pela sua vida, Muller foi à Cprh, no Poço da Panela. A fêmea já estava, então, no segundo dia do trabalho de parto. Foi logo encaminhada ao Cetas Tangara, onde foi imediatamente submetida a uma cesariana. Infelizmente não foi possível salvar o bebê.
“O filhote já estava morto, e o óbito ocorreu no útero da mãe, em decorrência de enlaçamento do cordão umbilical”, informou Joice Brito, Chefe do Setor de Fauna da Cprh. A foi muito corajosa. Esperava que ela breve estivesse alegre e saltitante, pulando de galho em galho. Mas da mesma forma como acontece com os humanos, a demora no atendimento prejudicou a mãe pela espera de ajudar para realização do parto já que chegou à Cprh depois de longa espera. “Infelizmente a mesma sagui não resistiu e veio a óbito, em decorrência de infecção causada pela morte do filhote no útero dela”. Resistiu como pôde.Tadinha….
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife