Torturado e assassinado pela ditadura, Padre Henrique recebe homenagem

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Será daqui a pouco, às 9h, homenagem prestada ao Padre Henrique Pereira da Silva Neto, que em 1969 foi sequestrado, torturado e assassinado por agentes de segurança, a serviço da ditadura militar implantada no Brasil a partir de 1964.

A iniciativa é do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, via Projeto “História nas Paredes”, através do qual nomes de ruas, personagens históricos e fatos de destaque na cidade são lembrados com aposição de placas em muros, prédios públicos ou privados. A placa será colocada às 9h dessa quarta-feira (28/5),na Universidade Federal de Pernambuco e será adotada pela Associação de Docentes da UFPE e pela vereadora Cida Pedrosa (PC do B). O sacerdote tinha 28 anos e era um dos principais assessores do então Arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara. O Dom da Paz, como tornou-se conhecido e é chamado ainda hoje, era chamado pelos seguidores do regime militar de “bispo vermelho”, pela sua luta intransigente em defesa dos direitos humanos. Era censurado na imprensa brasileira, então impedida até de citar o seu nome e de fazer entrevistas com ele.

Quem falava pela Igreja, naquela época no Recife, era o Bispo Auxiliar, Dom Lamartine Soares. O padre Henrique foi sequestrado por agentes de segurança, ocupantes de uma Rural Willys, e levado para a Cidade Universitária, onde foi espancado, ferido com instrumentos contundentes e, por fim, alvejado com disparos de armas de fogo. Seu velório, na Igreja do Espinheiro, atraiu uma multidão, embora os órgãos de segurança tivessem proibido a população de se aproximar.

A multidão organizou um cortejo do Espinheiro (Zona Norte)  ao bairro da Várzea (na Zona Oeste do Recife). Como o Dom da Paz era uma figura de projeção internacional, os órgãos de segurança temiam pela repercussão de um assassinato ou tortura. Mesmo assim, sua casa no bairro do Derby e o Juvenato Dom Vital – onde despachava – foram alvejados várias vezes por disparos de metralhadoras. Historiadores analisam que o Padre foi assassinado para intimidar o Dom, que foi várias vezes lembrado para o Nobel da Paz e que encontra-se em processo de canonização no Vaticano.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Acervo #OxeRecife

One comment

  1. Eu participei da missa.O padre Henrique era muito querido e fazia um trabalho incrível com adolescentes de vários colégios. Uma perda irreparável.

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