Herdado da gestão anterior e ainda em execução em várias áreas do Recife, o Programa Calçada Legal infelizmente já não consegue garantir segurança aos pedestres da cidade. Uma das primeiras vias a serem beneficiadas, a Rua Amélia, nas Graças, já está oferecendo riscos. E muitos. Na segunda-feira, fui a uma consulta médica e por pouco não voltei a quebrar algum osso do pé, como já ocorreu antes. Ao chegar ao consultório, pedi logo gelo, mas mesmo assim o tornozelo ficou inchado à noite.
Na terça, de manhã, fui ao meu ortopedista, Dr Bruno Fernando Carvalho Nogueira, na Clínica Ortho, que fica na Estrada do Encanamento, no Parnamirim e com quem me cuido a cada tombo nas calçadas assassinas do Recife. No último acidente, fraturei a fíbula, que é somente o ossinho que nos mantém em pé. Foram vários dias sem colocar o pé no chão. Mas dessa vez, ele me tranquilizou, disse que o que houve dessa vez foi uma “lesão do ligamento talofibular anterior”. E que o pé se recuperará sem precisar de imobilização. Mesmo assim, vou precisar passar um mês sem caminhar como gosto de fazer diariamente, em passo pesado e rápido.
Na segunda, ao torcer o pé enquanto me dirigia ao consultório da Rua Amélia, um motorista de táxi que estava estacionado uns cinco metros adiante foi logo avisando: “A senhora foi a terceira pessoa que desequilibrou neste lugar hoje”. Ou seja, um risco iminente para todo mundo e não só para mim, que sou distraída e ando olhando para as estrelas e as árvores. Dizem que nunca ninguém vê Londres. Porque lá, a cidade sem fog não é Londres. E quando há fog, não se vê a capital inglesa. O Recife está ficando assim. Ninguém vê o Recife. Ou você contempla as belezas que restam na cidade ou fica de olho exagerado na calçada para não cair.
No caso da Rua Amélia o que há é um bocado de pedras soltas nas calçadas que foram requalificadas. Está acontecendo isso em várias áreas que foram “beneficiadas” pelo Calçada Legal. Ou seja, um desrespeito ao Iptu que nós pagamos. Ao sair do Dr Bruno, hoje, ele me informou que a cada semana recebe um paciente com algum tipo de lesão provocado por queda nos passeios públicos do Recife. E nem sempre as lesões ocorrem nos pés. No meu caso, já foram seis – que eu lembre – ao longo de várias gestõe, sendo que as mais frequentes foram na última. Muitas pessoas quebram os ossos do pulso, ou dos dedos, quando tentam se defender da queda. Aconteceu já com algumas amigas minhas. Há casos até de pessoas que quebram dentes. Um horror.
Abaixo as calçadas assassinas do Recife! Nos links, você pode ver as consequências dessa triste característica de nossa cidade. Cidadania a pé, cadê?
Leia também
Depois daquele tombo (12)
Depois daquele tombo
Depois daquele tombo (1)
Depois daquele tombo (2)
Depois daquele tombo (3)
Depois daquele tombo (4)
Depois daquele tombo (5)
Depois daquele tombo (6)
Depois daquele tombo (7)
Depois daquele tombo (8)
Depois daquele tombo (9)
Depois daquele tombo (10)
Depois daquele tombo (11)
Assim não dá: Calçada com buracos e lixo
Riscos para quem anda e pedala
Calçadas: acessibilidade zero
Cadê o respeito aos cadeirantes?
Um iceberg no meu caminho. Pode?
Calçadas assassinas: “É sair e cair”
Calçadas nada cidadãs na Zona Norte
Novas calçadas: 134 quilômetros até 2020
Calçada larga na Rua Gervásio Pires
Convite ao tombo no Centro
Centro do Recife precisa de Mais Vida
Você está feliz com o Recife?
Calçada dá medo na gente de afundar
Acidente em calçada requer até Samu
Calçadas cidadãs da Jaqueira e Parnamirim: todas deviam ser assim
Comunidade recupera calçadas em Casa Amarela. Essas cenas vão sumir?
O drama das nossas calçadas
Quem inventou as famigeradas tampas duplas de nossas calçadas?
Já torci o pé três vezes
Quem chama isso de calçada…
Alguém chama isso de calçada?
Andando sobre o inimigo
Perigo à vista na Rua do Futuro
Futuro de usurpações urbanas
Recife: calçadas e ruas assassinas
Os cem buracos do meu caminho
Mais uma calçada cidadã
Cidadania a pé: calçada não é perfeita
Charme: calçada para andar e sentar
Quem chama isso de calçada….
Calçadas melhoram na Av Norte, mas…
Oxe, cadê as calçadas da Avenida Norte?
Calçadas crateras na Avenida Norte
Av. Norte: reforma só atinge 12 por cento das calçadas
Pedras nada portuguesas
Santo Antônio sem pedras portuguesas
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife