Cultura brasileira mais pobre, sem Tereza Costa Rego, grande artista

Muito triste com a partida de Tereza Costa Rego, uma das pessoas mais fascinantes que conheci. Amiga, mulher linda, com muita história, e uma grande artista. Que os arcanjos a recebam, lá em cima, com muitas tintas e cores, e com uma música suave para amenizar a dor que ela deve ter sentido, por fazer sua última e forçada viagem. Tereza amava a vida. Ela faleceu hoje, aos 91, depois de sofrer um acidente vascular cerebral e uma parada cardíaca.

Pessoa de vida muito rica – sua trajetória renderia um filme – Tereza havia ganhado duas biografias, nos últimos dois anos: Terezas  (de Inácio França) e Tereza Costa Rego, uma Mulher em Três tempos (de Bruno Albertim).  Fica o conselho, para que leiam esses livros, para quem não conheceu Tereza de perto. Os títulos das duas obras refletem a vida múltipla e rica de Tereza, que nasceu em família aristocrática, casou cedo como as mocinhas da época, foi mãe, cumpriu rotinas sociais mas que não hesitou em romper  com tudo isso, quando conheceu Diógenes de Arruda Câmara, com o qual decidiu partir para o exterior.

Tereza desafiou as convenções, ao assumir sua grande paixão, que seria o amor de sua vida, e com o qual partiria para o exílio,deixando para trás as convenções sociais, políticas e familiares. Foram anos de clandestinidade, de identidades falsas, mas também, de muita paixão e vivências mil. De volta ao Brasil, com a anistia, Tereza regressa com o companheiro ao País, mas poucos dias após o retorno, ele morre de repente, vitimado por um ataque cardíaco. A tristeza, ela enfrenta mergulhando ainda mais na sua arte, que termina por lhe conferir uma obra grandiosa, nacionalmente respeitada.

O Governador Paulo Câmara (PSB) e o Prefeito Geraldo Júlio (PSB) divulgaram  notas de pesar. “O cenário artístico e cultural de Pernambuco ficou menor com a morte de Tereza Costa Rêgo. É impossível dimensionar em palavras a importância da sua obra para o nosso Estado e para o Brasil. Paisagista, doutora em história, militante de esquerda, Tereza era, acima de tudo, uma artista plástica de corpo e alma, que traduzia com beleza e perfeição seus sentimentos nas telas, retratando ali o imaginário popular, nossas lutas libertárias, a força da mulher, paisagens de Olinda e Recife e tantas outras figuras da nossa cultura. Tereza, certa vez, afirmou que “pintaria até não poder mais”, e assim o fez. Sua partida fará uma imensa falta à arte brasileira. Quero me solidarizar com todos os seus familiares, amigos e admiradores neste momento de profundo pesar”, disse Cãmara.

“Irrecuperável a perda de Tereza Costa Rêgo, que nos deixou hoje. Artista de profunda sensibilidade, Tereza é um símbolo de resistência e liberdade e um grande exemplo da força da mulher recifense. No ano passado, a Prefeitura do Recife a homenageou na edição da agenda da Secretaria da Mulher, que a cada ano celebra uma grande mulher de nossa cidade. Feliz de poder ter deixado essa pequena homenagem ainda em vida à artista cuja força da obra não deixará morrer o legado. Quero mandar meus mais sinceros sentimentos à família e amigos”, afirmou Geraldo Júlio. Tereza  deixa filhos, netos e bisneta.

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Texto: Leticia Lins / #OxeRecife
Foto:  Acervo / #OxeRecife

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