Teatro do Parque restaurado: “Uma das maiores emoções de minha vida”

Ontem o #OxeRecife mostrou o livro Teatro do Parque- Reforma e Restauro da história dos afetos do Recife, da jornalista Silvía Bessa, que faz um resgate histórico do Teatro do Parque, de tantas memórias, afetos e emoções.  Emoções vividas no passado e as recentes, com a reabertura da secular casa de espetáculos, reconquistando o esplendor do passado. São muitos os recifenses que recordam sessões de cinema com ingresso a R$ 1, ou os inesquecíveis encontros do Projeto Seis e Meia, do qual todo mundo sente saudade.

Naquela época, as pessoas trabalhavam no centro da cidade, em sua maior parte. E saíam de escritórios, lojas, salas de aula e iam direto para o Parque,  onde se apresentavam ídolos da MPB. Entre os artistas que fizeram shows naquele Projeto encontram-se: Luiz Melodia, Guilherme Arantes,  Chico César, Tereza Cristina, Zeca Baleiro, Carlos Lyra, Dori Caymmi, Beto Guedes,  Elza Soares. Para alguns, vivenciar o Seis e Meia foi uma experiência inesquecível. Como foi, também, uma  emoção  grande voltar ao Teatro do Parque, depois da restauração de R$ 20 milhões que lhe devolveu as características de  1929, ano em que ele passou por reforma para transformar-se em cine-teatro.

São muitas as recordações do Parque. Várias pessoas lembram que assistiram ali seu primeiro filme, sua primeira peça de teatro e também dos inesquecíveis shows musicais.  “Realmente um teatro bem vivo na memória do recifense. Vi shows e filmes maravilhosos no Parque. Pena não poder agora fazer parte da festa (devido à pandemia). É lembrar que além de restaurar, tem que preservar, manutenção é fundamental”, afirma a jornalista Conceição Campos. “O  primeiro filme que vi, Em busca do ouro, com Charles Chaplin, foi no Parque”, comenta o artista plástico Cildo Oliveira, pernambucano residente em São Paulo. “Me lembro da cena em que era noite de Natal, havia muita neve e ele, delirando, vê o companheiro como uma galinha e pensa em assá-lo”, diverte-se Cildo.  Aqui no #OxeRecife choveram pedidos de informação quanto ao local onde o livro pode ser adquirido. Estamos aguardando posição da Prefeitura sobre o assunto.

“Doido para ter acesso a esse livro”, diz Grinaldo Gadelha, do Grupo Bora Preservar, e autor de duas das três fotos desse post.  Professor, músico, fotógrafo e empresário (Gadelharia Indústria Criativa), ele esteve pela primeira vez no Parque, ainda criança. E foi lá que despertou para a música, uma de suas paixões. Depois, já adulto, voltaria ao palco do Parque, para se apresentar com banda, em 1999. Ele nunca esqueceu a primeira vez que lá esteve, em 1987, em companhia do pai, que faleceria 23 anos depois. Para Grinaldo, o pai ficaria feliz, em ver o Teatro do Parque como ele está hoje.

Veja o que ele diz, sobre suas memórias da secular casa de espetáculos, tão querida da população recifense:

Parece que foi ontem. Era 1987, o ano que fui levado pelo meu pai para o meu primeiro show de música – o 14 BIS AO VIVO –  iniciando a turnê do álbum Sete, no Projeto Seis e Meia, no antigo Teatro do Parque. Era a primeira turnê do grupo, sem seu fundador, Flávio Venturini.  Mas lembro-me bem que foi um show impecável, com todos os clássicos inesquecíveis dessa banda, que foi uma das que integraram o movimento de música progressiva no Brasil.

Sedento de música e de entender como era tocar teclados/ sintetizadores ao vivo, pedi ao final do show que meu pai me levasse para ver o “set up” de teclados usado naquela ocasião, pelo tecladista Vermelho. Nunca mais esqueci esse dia e esse momento no Teatro do Parque, o bastante para virar músico também. Inclusive nove anos depois, tive a honra de conhecer os integrantes da 14 BIS, em uma outra posição. É que, na época, fomos convidados para fazer a abertura em show feito em 1996 pela 14 BIS,em uma calorada da Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe).

Triste ter visto o Teatro do Parque, construído pelo comendador Bento Luís de Aguiar, parar. Aguiar era um comerciante português, que nele investiu duzentos contos de réis, quando a casa  foi inaugurada pela Companhia Portuguesa de Operetas e Revistas do Teatro Avenida, de Lisboa, em 24 de agosto de 1915. Meu  pai faleceu em 2010. E hoje tive uma das maiores emoções de minha vida… pisar novamente o palco do Teatro do Parque, tal qual pisei em 1987, com treze anos. Agora em visita exclusiva, ao lado da família do comendador, o fundador do Teatro do Parque.

Pai, você faz muita falta. Teatro do Parque, você fez muita falta. Mas estamos juntos de novo. Em coração.. Em lembranças, em amor às artes. Seja bem vindo ao Teatro do Parque!

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Sílvia Uchoa e Grinaldo Gadelha / Gadelharia Indústria Criativa / Cortesia

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