A caminhada é diária, mas somente hoje me dei conta de uma árvore linda, que fica espremida em pequena faixa de areia, entre o Parque Apipucos e o Rio Capibaribe. E por que me chamou a atenção? Porque está repleta de frutos amarelos, até então desconhecidos para mim. Então, me aproximei da planta e o mistério ficou ainda maior. Mas percebi que ela é uma festa para os pássaros.
Então, fui à sede do Parque, e indaguei ao vigilante Ezequias Augusto, que estava de plantão. Delicado, ele respondeu: “É tapiá”. E explicou: “Eu também não conhecia, mas um homem veio aqui e disse que ia colher algumas para presentear a esposa, porque ela gosta muito de tapiá”. Ainda em dúvida, Ezequiel foi à Internet: “Fiquei curioso, pesquisei na Internet e o nome é esse mesmo, tapiá”. Como eu, Ezequiel não sabe o sabor do fruto, mas terminou colhendo alguns, para experimentar.
O sabor da polpa branca é leve e adocicado. A literatura sobre a tapiá (Crateva tapia) indica que os frutos amadurecem entre janeiro e fevereiro, quando ficam bem amarelinhos. Estamos em março, e a árvore está carregada. Ela não é muito alta, atinge entre cinco e doze metros, e ocorre em locais ensolarados e perto de cursos d´água. No Brasil, entre Pernambuco e São Paulo, e seria frequente em Minas Gerais. A planta é melífera, e atrai mais de 20 espécies de pássaros, que se deliciam com os seus frutos: sanhaçus, sabiás, tuins, periquitos, jandaias, arapongas, entre outros.
No início das manhãs e ao final das tardes, sua copa fica pontilhada de branco, das garças que vivem entre o Açude de Apipucos e o Rio Capibaribe. E, ao que parece, não são só os pássaros que gostam de tapiá. Os peixes também. É que muitos pescadores utilizam o fruto como isca. E viva a natureza! .Há quem chame a tapiá de paudalho, devido ao cheiro de suas folhas. Mas em Pernambuco, o nome popular pau-d’ alho tem a ver com outra espécie (Gallesia integrifólia), que ocorre na Zona da Mata. No livro Pernambucânia, Homero Fonseca conta que foi a Gallesia que deu origem ao nome Paudalho, ao município pernambucano localizado a 44 quilômetros do Recife.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife