A população de Sítio dos Pintos acaba de mergulhar na história do bairro e, em consequência, na sua própria história. O resultado dessa investigação – a mais detalhada ali realizada – encontra-se em exposição na Associação de Moradores de Sítio dos Pintos, onde é possível observar-se uma radiografia profunda, na verdade um diagnóstico, daquela área que, para os que não sabem, trata-se de uma Unidade de Conservação da Natureza. E que requer cuidados especiais. A mostra infelizmente só fica em cartaz até a próxima quinta-feira. Ela faz parte do Projeto Paisagem, História e Cidadania Ambiental da UCN Sítio dos Pintos, em execução pela Associação Águas do Nordeste (ANE). Segundo o Presidente da ANE, Ricardo Braga, até março de 2018 um projeto de manejo para a UCN será apresentado aos órgãos públicos.
Sítio dos Pintos merece. O Recife possui 25 unidades de conservação da natureza, e o bairro da Zona Norte é uma delas. O problema é que embora ainda tenha muito verde, cresceu sem nenhum planejamento. Não tem tem esgoto. “No caso da UCN Sítio dos Pintos, ela foi criada dentro de um bairro”, comenta Ricardo. Por esse motivo, a ANE resolveu ouvir os moradores mais antigos, que permitiram montar um mapa oral do bairro. Com ajuda de imagens aéreas e referências da própria população, foi possível desenvolver o mapa de uso e ocupação de solo. O bairro tem 152,55 hectares. Destes, 46,46 são de área construída. Outros 42,55 por cento ainda são de vegetação (entre arbórea e arbustiva). O restante se divide em áreas de cultivo, solo exposto, hidrografia e área alagável. São, ainda, cerca de 7.200 mil moradores.

Eles relataram a existência de dez comunidades e três condomínios. Contaram e até deram nomes, de cinco locais onde a população costumava tomar banhos de riacho. Também registraram a existência de três cacimbas (ainda em uso pelos moradores). O Sítio dos Pintos tem outras preciosidades: onze olhos d´água e seis riachos, sendo que dois são afluentes do Riacho Sítio dos Pintos. Na exposição, foi ainda montada a “árvore dos desejos”, na qual cada morador escreve os seus sonhos nas folhas que são colocadas em seus galhos. As aspirações dos moradores – campos de futebol, praças, áreas de lazer, esgoto, e segurança – serão levadas ao poder público.
O bairro tem 13 templos, seis escolas, um posto de saúde, dois terminais de ônibus. “ O nosso desafio desenvolver uma UNC aqui dentro”, diz Ricardo Braga. A exposição foi o primeiro produto do Projeto Paisagem, História e Cidadania Ambiental da UCN Sítio dos Pintos, ali efetuado pela Ane. O segundo produto já começou, com produção de textos sobre a UNC e de livros cartoneiros nas escolas, sobre os quais voltaremos ao assunto, aqui no #OxeRecife. A atividade conta com suporte da Professora Carmem Farias, da Universidade Federal Rural de Pernambuco. O trabalho desenvolvido na UNC conta com recursos do Fundo Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Cidade do Recife, através de edital de Seleção Pública 01/2016, da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade.
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População sem paz em Sítio dos Pintos
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife