Como repórter, perdi as contas das vezes que voltava para a Redação, desanimada, com vontade de chorar, pensando no futuro de Pernambuco e, em consequência, do Brasil. Na verdade, no futuro dos estudantes, de uma geração. Entrevistei alunos da rede pública estadual que concluíam o ensino médio sem que tivessem uma só aula de química, matemática, física. Eram aprovados automaticamente no sistema que entre os profissionais de educação, era chamado de “SP” (sem professor). Isso acontecia em um tempo em que tivemos governantes que costumo chamar de “coveiros” da educação e que a população sabe muito bem quem foram. Visitei até escolas chamadas de referência, cujos laboratórios muito bem instalados – Informática, Química, Física – simplesmente não funcionavam porque faltavam professores.
Triste, não é? O descalabro era não só nas aulas, mas também nas instalações físicas: telhados caindo, goteiras, paredes dando choques, turmas com dias de aulas alternados, porque não havia cadeiras para todos os alunos em grande parte da rede estadual. Quando o Governador Eduardo Campos (1965-2014), do PSB, assumiu o Palácio do Campo das Princesas, percebeu que a situação era ainda mais dramática do que o revelado na imprensa, incluindo nas minhas indignadas reportagens, que ele até costumava citar nos seus discursos sobre a situação das escolas. Tratou de melhorar o ensino, de aumentar a quantidade de escolas em regime integral, e o IDEB subiu de 2,7 (2007) para 4,5, em 2021. Infelizmente o socialista, que morreu em um acidente de avião, não viveu para comemorar os frutos dos seus esforços. Porque justiça seja feita, foi ele que começou a mudar o quadro que antes era dramático.
Nessa quarta. uma comitiva da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul está no Recife, para “um intercâmbio com a rede estadual do ensino de Pernambuco sobre ensino integral”. Ao todo, são 25 gestores de escolas públicas gaúchas que querem conhecer o modelo político –pedagógico desenvolvido no estado. Embora o nosso sistema público educacional não seja um mar de rosas, pelo menos é bem melhor do que nas primeiras décadas do século 21, quando era desastroso. E eu sou testemunha dessa realidade, registrada em várias reportagens que fiz para o jornal “O Globo”, onde trabalhei por 23 anos. Hoje, felizmente, Pernambuco é considerado uma das referências do ensino integral no Brasil, pois o estado é o terceiro do ranking com mais escolas do tipo no país. Ao todo, são 637 em todas as regiões do Estado, oferecendo aulas e atividades pedagógicas complementares para ampliação de conhecimentos da estudantada.
Nesse momento, a comitiva gaúcha está na Secretaria de Educação, no bairro da Várzea. À tarde, os educadores visitam a Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Ginásio Pernambucano – Aurora, localizada no bairro de Santo Amaro, no Centro, o primeiro a ser beneficiado com ensino integral. Colégio tradicional, pelo qual passaram grandes nomes da nossa cultura e da política, o Ginásio Pernambucano estava em decadência, quando um dos seus ex-alunos, o empresário Marcos Magalhães, juntou um grupo de empresários para financiar reforma e implantar o ensino integral, durante o Governo Jarbas Vasconcelos (PMDB), que foi desastroso na área da educação. O modelo de ensino integral proposto pelo empresariado deu certo, passou a ser repicado e ganhou dimensão maior nas gestões do PSB, colocando o estado em outro patamar nos índices do IDEB. Infelizmente, Campos não viveu para ver os frutos das sementes que plantou na educação.
Abaixo, você confere mais informações sobre Educação em Pernambuco.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins / Acervo #OxeRecife e Secretaria de Educação de Pernambuco / Divulgação