É o que se pode chamar de serviço seboso. Os órgãos oficiais do município – principalmente a Emlurb – precisam exigir melhor qualidade dos serviços prestados pela empresa encarregada de podar árvores no Recife. No caso, a Engemaia, que realizou podação e erradicação de uma árvore na Rua da Alliança, em Apipucos, bem pertinho da minha residência.
Primeiro: a erradicação da árvore em questão não foi completa. Ficou lá, pregado no chão, um tronco quase da minha altura. Sendo assim, não há como colocar outra planta no local da mutilação. Segundo: ficaram dois fios derrubados até hoje, provavelmente de operadoras de telefonia. Também ficou quebrada uma bica de uma residência da época colonial, entre um ateliê e um Seminário. E o mais grave: na rua há uma palmeira que morreu. Sem vida, o caule apodreceu. Corre-se o risco, portanto, de desabar em cima de qualquer pessoa. Mas a palmeira ficou de pé, sem motosserra.
Como assim? Pois é. Não dá para entender esse serviço de podação. As árvores que estão vivas são assassinadas, simplesmente porque possuem cupins. Não há tratamento para esses insetos, por acaso? Por que não é feito a tempo de salvá-las, só restando a alternativa da motosserra insana ? E as que morreram – como a palmeirinha – são preservados. Deixam lá o defunto, de pé, sem direito a “poda” nem “erradicação”.
Sinceramente, eu estou mais com Ivan da Motosserra, um ex jardineiro, que hoje trabalha na podação em jardins e quintais particulares. Em um desses invernos, com os galhos atacados de cupim da árvore ao lado de minha casa, chamei Ivan para fazer a podação. Depois contratei uma firma para tratar da planta. Porque os pedidos ao órgão oficial não foram atendidos e eu temia algum acidente. Pois Ivan veio, realizou o serviço. Não derrubou nem um fio, não quebrou nada. Melhor, uma hora depois da execução do trabalho, levou todo o material, deixando a rua limpa. Na poda da última terça-feira, o recolhimento só ocorreu 48 horas depois, quando os cupins que motivaram a “erradicação” já tinham se espalhado pela rua, pelas casas, por outras árvores.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife