Senhor Prefeito, cuide do Recife!

Amigos e seguidores: Tenham esta como uma carta aberta ao Prefeito Geraldo Júlio e ao Diretor Executivo de Praças, Parques e Áreas Verdes da Emlurb, José Carlos Vidal:

“Caras autoridades:

É impressionante como a política desenvolvida pela Prefeitura para as nossas árvores ofende a cidade, o cidadão e a cidadania. Já venho expondo minha revolta com a proliferação de troncos mutilados nas ruas do Recife, o que faz da nossa cidade a capital nacional dos toquinhos. Há um bom tempo, os moradores da Rua da Alliança, em Apipucos, solicitaram tratamento de duas árvores que estavam atacadas de cupins. Mas o tratamento fitossanitário nunca chegou. Temendo que a árvore caísse provocando acidente, uma moradora pediu vistoria. E não só a que fica em frente à casa dela como a que fica ao lado da minha foram condenadas pelo “engenheiro”, cujo nome a Emlurb não revela.  Na semana passada, recebi um “informativo” da Emlurb, segundo o qual haveria “poda de manutenção preventiva para inverno na arborização urbana”, na terça-feira ( dia 3).

O caminhão da prestadora de serviço Engemaia, chegou com disposição para derrubar as duas. Fez uma poda radical na minha – pois não permiti a erradicação – mas matou a planta da vizinha. Ao observar os pedaços de tronco que ficaram na rua, vi que o ataque dos cupins ainda não havia descido até a parte baixa da árvore. Ou seja, pelo que observei, talvez uma poda e o tratamento resolvessem. Não era necessário um “assassinato”.  Mas a árvore foi destruída pela motosserra insana e está, até hoje, com os pedaços jogados no meio da rua. Agora, o problema mais grave: eliminou-se a árvore de 30 anos, que dava sombra e contribuía para reduzir a temperatura da rua. Mas não se eliminou o problema principal: os cupins. Pior: sem o abrigo da planta, os insetos ficaram feito zumbis, voando em nuvens pelas ruas do bairro.

Esses insetos podem até prestar grande contribuição nas florestas, ao degradar as árvores que tombam no meio da vegetação. Roendo-as, eles ajudam a adubar o solo. Mas são uma praga perigosa nos perímetros urbanos. E, portanto, têm que ser combatidos. Mas no Recife, acontece o contrário. Mata-se a árvore, e solta-se dos cupins. Como quem libera um enxame. Estão lá, os troncos, com os insetos fervendo feito um formigueiro. E as larvas andando em deslocamento contínuo. Agora pergunto a agrônomos, engenheiros florestais, urbanistas: será que esse é um protocolo adotado só pela Prefeitura do Recife? É o mesmo utilizado em cidades civilizadas?  Ou não existe protocolo nenhum?

Se o cupim era o problema, porque não se eliminar o cupim, ao invés da árvore? E se a árvore estava, assim, tão doente, porque ao ser “erradicada” – para usar um termo oficial –  não foi feito um tratamento, para evitar que o bicho proliferasse mais, e voltasse a atacar as outras árvores  ou a histórica igreja e as casas antigas do bairro? Sinceramente. Acho que tem alguma coisa errada. Sim, tem outra pior. Uma palmeirinha que existe na mesma rua, e da qual só resta um caule fino já está morta. Mas foi poupada da motosserra. Então, é de se perguntar: porque as árvore viva foi assassinada e a morta foi mantida? Provavelmente porque a  palmeira pesa menos, e uma “erradicação” custaria bem mais barato do que a de uma árvore. Sei não, mas, às vezes, tenho a impressão que derrubar árvores virou um negócio lucrativo. E nesse caso, o que será de nós? Da nossa parte, continuarei registrando os tocos que surgem a cada esquina, através do #OxeRecife, que defende uma cidade humana, arborizada, com bons serviços e, o mais importante, com respeito à nossa cidadania”.

Letícia Lins, cidadã e titular do Blog #OxeRecife

Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife