O plantio das 2000 árvores ofertadas pela iniciativa privada começou hoje no bairro do Recife. E teve início pela Avenida Militar, aquela que passa em frente ao Terminal Marítimo de Passageiros e que vai até a Fortaleza do Brum. Foram implantadas 46 mudas nos passeios da via, segundo informa a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Recife. A ação marca o início de projeto de recuperação da cobertura verde da cidade, e deverá se estender às regiões onde já se constata a existência das chamadas ilhas de calor.
Essa ação, no entanto, nada tem a ver com as árvores degoladas em parques, jardins e ruas do Recife, situação que levou o #OxeRecife a desencadear a campanha #ParemDeDerrubarÁrvores. A iniciativa de hoje é resultante de parceria da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-PE) e Prefeitura. E tem por objetivo compensar as árvores suprimidas na construção de condomínios, espigões e outros empreendimentos das incorporadoras, empresas que praticamente exterminaram com os verdes quintais do Recife, áreas antes repletas de fruteiras. E que hoje se transformaram em selva de concreto.
O secretário de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, Bruno Schwambach, informa que a ação vai durar quatro meses e beneficia as regiões mais áridas da cidade. “Antes, na hora de fazer empreendimentos, as árvores eram suprimidas e replantadas de forma aleatória”. E explica: “Agora, fizemos um levantamento de onde a cidade mais precisava, as maiores zonas de calor e os locais de fluxo intenso. Elaboramos os projetos para o replantio nessas áreas prioritárias e conseguimos, junto com a Ademi, fazer essa articulação com as construtoras para realizar os plantios concentrados”. Para o presidente da Ademi-PE, Gildo Vilaça Filho, a parceria chega em boa hora. “ A burocracia (para plantar) é muito menor em um projeto único para várias empresas. Antes, cada uma tinha que fazer um projeto para tramitar dentro da secretaria. Agora, com um projeto único, a burocracia é muito menor e custo é menor, pois em vez de negociar 5 ou 10 mudas, negocia-se mil”.
O projeto prioriza o uso de espécies pertencentes ao bioma da Mata Atlântica. O Bairro do Recife, por exemplo, ganhou mudas de Ipê Amarelo, Ipê Roxo, Ipê Rosa e Caraibeira. As plantas são de médio e grande porte e apresentam, em média, dois metros de altura. “A escolha das espécies e o tamanho das mudas visa aumentar o índice de sucesso do plantio, além de evitar a depredação”, informa Bruno. Segundo a Prefeitura, a expectativa é que, em três anos, algumas dessas árvores já comecem a florescer. Pela parceria, serão beneficiadas 12 áreas públicas da cidade, como canteiros centrais, refúgios, praças e passeios. “O objetivo é que a ação amplie a cobertura verde das localidades, proporcionando beleza paisagística e a criação de microclimas para amenizar as altas temperaturas e combater as ilhas de calor”, informa, em nota, aquela pasta. Resta saber quando a Prefeitura dá início à reposição das árvores que sucumbiram à motosserra insana e cuja soma de vítimas já configura a existência de arboricídio no Recife.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins (edifícios) e Daniel Tavares / Divulgação /PCR (plantio)