Que saudade do bonde, que sumiu das ruas do Recife na década de 50 do século passado. Como já relatei aqui no #OxeRecife, em vários países do mundo os bondes convivem com trens rápidos moderníssimos e com transportes coletivos rodoviários. E até se complementam. No Recife, os bondes viraram peças de museu. Agora, me digam uma coisa: Com essa crise de combustível que está parando o Brasil, vocês não estão sentindo falta dos ônibus elétricos da CTU, a antiga Companhia de Transportes Urbanas?
Olhem só essa foto, que está circulando nas redes sociais. Peço licença ao autor para reproduzi-la aqui. Ela mostra um daqueles elétricos que circularam por tanto tempo pelo Recife, na fase pós bonde. Eles circularam do início da década de 1960 até o primeiro ano do novo milênio. Em 2001, os “trólebus” despareceram das ruas e avenidas. Lembro que eram confortáveis, iluminados e permitiam ler com conforto em seus bancos. E que, muitas vezes, paravam em lugar inadequado, porque uma das “bananas” soltavam dos fios. O motorista saía do volante, encaixava as bananas, e seguia viagem.
Fui usuária desses elétricos desde os tempos do Colégio Vera Cruz até a Universidade, quando fazia o percurso Casa Amarela – Boa Vista, onde ainda hoje fica a Católica. Não lembro de ter visto algum quebrado no meu caminho, durante meus tempos de estudante. No entanto, observo constantemente ônibus a diesel enguiçados, durante minhas caminhadas diárias. São cenas comuns hoje. Não eram nos tempos dos bondes ou dos ônibus elétricos, que eram confortáveis, silenciosos e… não poluíam. Esse da foto me foi enviado via WhatsApp por um amigo, Fernando Batista, com um comentário jocoso: “Amanhã ele volta à rua”. Deviam voltar mesmo. Hoje, por exemplo, teve empresa que só conseguiu colocar dez por cento da frota na rua. E aí? É isso que dá o monopólio de um só tipo de tansporte.
Por que o Reicfe não tem mais bondes e ônibus elétricos. Infelizmente, no Brasil é assim. São construídas rodovias, e as ferrovias – nas quais se investiu tanto dinheiro – são abandonadas. Sistemas de transporte como bondes, trens e ônibus elétricos viram sucatas ou peças de museu, e se deixa que os movidos a combustível monopolizem o transporte público. Aí, dá nisso, que se vê agora: muita gente na rua ou sem conseguir, sequer, chegar ao trabalho. Porque as opções são poucas e as linhas de metrô só servem a algumas partes da cidade. Desde ontem à tarde, estou fazendo tudo a pé. Não tive coragem de alimentar especulação nos postos de combustível, que chegaram a cobrar quase R$ 10 por um litro de gasolina. Procon neles. Anotem aí o telefone do Procon: 0800 2821512. Nessa quinta, o combustível sumiu na maior parte dos postos da Zona Norte, por onde andei. A pé, claro.
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Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Foto: Sérgio Martire/ Internet
Um crime o que fizeram. Enquanto isso no Rio ainda circulam. Vale mais como atrativo turístico.
Interessante reflexão. Acho que deveriam, ao menos, ter guardado algum exemplar para exposição no Museu do Homem do NE….