São João à antiga ainda existe

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“Um tal de DJ  Alok como principal atração da noite de São João, no Pátio do Forró, em Caruaru. Já não se faz São João como antigamente. Acabou-se  a tradição, as raízes e o povão só quer agitação. Infelizmente é assim”. Foi com esse desabafo, que o leitor Bertrando Bernardino me enviou por WhatsApp um vídeo com o “São João” de Caruaru, que a propaganda vende como “o maior São João do Mundo”. Sinceramente, imagens pareciam mais de uma rave do que de uma festa junina. Já no Recife, sobrou brilho e faltou chita nas quadrilhas.

Pois agora eu pergunto, alguém viu um São João por aí? Daqueles bem bonitinhos, como os de antigamente.  Até o de Arcoverde pipocou, com um mundão de gente. É por isso que nessa festa, gosto de circular pelos bairros afastados do Recife. Ou então, se não vou, pelo menos gosto de saber a quantas andam as festas das pequenas cidades do interior. E é das tradicionais, ainda bem intimistas, que gosto mais.  Achei bacanas as comemorações- em Riacho das Almas, um município do Agreste que muita gente nunca nem ouviu falar. Agora vejam como foi a Festa do Munguzá, no final de semana: cortejo junino pelas ruas da Vila do Vitorino, com bacamarteiros, trio pé-de-serra, banda de pífanos, e muito arrasta-pé animado por sanfona, zabumba e triângulo.

Cortejo teve quadrilha tradicional, bacamarteiros,  trio pé-de-serra e muita animação pelas ruas: São João tradicional.
Cortejo teve quadrilha tradicional, bacamarteiros, trio pé-de-serra e muita animação pelas ruas: São João tradicional.

Sim, teve quadrilha, também, mas sem brilho nem ostentação, com “alavantu”, “anarriê”, “balancê”, “galope”, “choveu” e “trovejou”. Apresentaram-se quadrilhas do Centro de Convivência do Idoso, e também as infantis, com crianças do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Outras duas quadrilhas de Riacho das Almas também apareceram: A Jiquidrilha e a Quadrilha Arrasta-pé. A festa do vilarejo, com muita fogueira e milho assado, contou com  o Batalhão de Bacamarteiros 56, a Banda de Pífanos Lua de Prata do Sítio Chambá.

E foram distribuídas 2000 porções de munguzá. A noite terminou com shows do grupo 100 Conserto e do cantor Maurício Ramalho. Um dos idealizadores do evento é Daniel Luís, que é dono de uma casa de lanches na Vila do Vitorino. Todos os anos, ele e a mulher preparam um munguzá, em grande quantidade, para brindar o São João na comunidade. “Em 2018, faremos um munguzá gigante, será o maior de Riacho das Almas”, diz.  Ainda bem, porque se for “o maior do mundo”, aí… já estraga a festa.

Texto: Letícia Lins / #oxeRecife
Fotos: Divulgação / Prefeitura de Riacho das Almas

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