Cena raríssima, hoje, na Praça de Casa Forte, em se tratando do Recife. Como a população sabe – e está acostumada a ver – nossas praças e parques estão virando verdadeiros areais, pois há muito deixaram de contar com serviços de aguação. E aqui não há nenhuma implicância do #OxeRecife não. Na Zona Norte, por exemplo, pode-se observar a diferença na manutenção entre aquelas que são adotadas e as que são conservadas pelo poder público.
Na frente do Hiper Bompreço Casa Forte, a pequena Praça Rádio Jornal do Commercio, no Parnamirim, está toda verdinha, com o gramado preservado, como se fosse inverno. Ela é adotada pelo Plaza Shopping, e a manutenção, aliás, é a que toda praça deveria receber: serviços constantes de jardinagem, poda do gramado, água. Mas adiante, na José Vilela, não tem mais grama. A mesma coisa acontece com a de Apipucos, antes um dos logradouros mais aprazíveis do Recife. Por falta de água e cuidados, a grama morreu, o mesmo ocorrendo com a vegetação de encosta que fica do outro lado, onde está a graciosa Igreja de Nossa Senhora das Dores. Ali, a população também não ajuda, porque vive jogando metralhas nas encostas.
Até mesmo a vegetação na ladeira que dá acesso à Fundação Gilberto Freyre – onde viveu o escritor famoso – está totalmente murcha. Em Casa Forte, o canteiro central, que é adotado pela Agência Aporte Comunicação tem a grama sempre verde, porque a aguação é permanente. Já nos laterais, que não tem “mãe” adotiva, a grama quase morre com o verão. Ainda bem que hoje tinha gente regando os canteiros daquele jardim histórico, primeiro projeto paisagístico de Burle Marx, mais famoso profissional do setor no País (1909-1984)
Um pouco mais adiante, o Parque da Macaxeira, está se transformando em uma ilha de calor. O gramado sumiu – apesar de ter custado uma fortuna aos cofres públicos – e como o Parque inteiro conta com no máximo cinco árvores frondosas que dão sombra, caminhar pelas suas pistas virou um sacrifício. Centenas de mudas que foram implantadas durante a sua inauguração, que já poderiam ser árvores adolescentes, se perderam. Não resistiram à compulsória “seca” urbana. Será que nossos gestores pensam na consequência climática disso tudo?
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife