Gente, onde é que isso vai parar? Como se não bastasse a tolerância e até mesmo o incentivo à ação ilegal de grileiros, madeireiros e garimpeiros na Amazônia e no Pantanal, o Ministério do Meio Ambiente acaba de dar mais uma “rasteira” na natureza. Simplesmente extinguiu duas resoluções (302 e 303), que delimitavam áreas de proteção permanente (Apps) de manguezais e restingas no Litoral do Brasil e principalmente do Nordeste.
Os mecanismos existiam desde 2002. Como vocês sabem, os manguezais são uma espécie de berçário da vida marinha. Muitos animais – crustáceos, peixes, molucos e até mamíferos (caso do peixe-boi) nascem e crescem no mangue, indo ao mar já na vida adolescente ou adulta. Já as restingas, que integram o bioma da Mata Atlântica, são muito importantes no controle da erosão nas praias. E agora, como vai ser? Como proteger o nosso já tão castigado litoral de ações movidas pela especulação imobiliária? Ou mesmo por autoridades?

Como os órgãos locais – a Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh), no caso de Pernambuco – vão agir? No Estado já foi flagrado até Prefeita (Célias Sales, deIpojuca), descumprindo aquelas resoluções. Mas a autoridade pagou pelo que fez. Foi multada pela Cprh. E agora, o problema vai ficar ainda pior. A decisão foi tomada na tarde de hoje, em reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conama. O órgão deliberativo, que antes possuía 96 conselheiros, agora só tem 23 membros titulares, a maior parte ligada ao Ministro Ricardo Salles, um demolidor da natureza. E ai do fiscal ou servidor público que fizer a coisa certa…. Ou seja, uma gestão devastadora.
Quem não se lembra da célebre frase do Ministro da Morte Ambiente no início da pandemia, quando sugeriu soltar a “boiada” para acabar com a rede de proteção ambiental do Brasil, já que a imprensa estava só preocupada com o avanço da Covid-19? Hoje teve mais. Caiu a exigência de licenciamento ambiental para projetos de irrigação. E as embalagens de agrotóxicos poderão ser incineradas em fornos industriais para a produção de cimento. O destino desse material seguia antes um protocolo rígido, já que contaminam o ar e as pessoas que os manipulam. Triste, muito triste mesmo. Aliás, quando vejo esse homem na televisão, sinto uma pontada no estômago. Porque ao contrário das serpentes verdadeiras, ele mais parece uma cobra venenosa de um filme de ficção que destila veneno contra a natureza.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Cprh / Divulgação / Acervo #OxeRecife