Rima e verso também se aprendem na escola com “Projeto Ciclo do Cordel”

Costumo dizer que todas as vezes que vou ao Sertão do Pajeú, volto culturalmente mais rica. Pois aquela região tem muito a oferecer. Além de mitos – como Lampião e Maria Bonita – que alimentam o imaginário popular, a região é, também, celeiro de poetas, violeiros, cordelistas. O que não se sabe – pelo menos, eu não sei – é como anda o interesse das novas gerações com a cultura popular, nesse século 21 movido a redes sociais, assuntos descartáveis e invasão de funk e “sertanejos” do Cento Sul.

Pernambuco tem grandes artistas nessa área. Entre eles, Dedé Monteiro, nascido em Tabira, e que é referência em poesia popular. Até é chamado de o “Papa dos Poetas”. Outro nome que pode ser lembrado é o de J.Borges (ver xilo acima), que não é do Sertão, mas do Agreste, pois mora em Bezerros. Seus cordéis já viraram até best sellers, e suas xilogravuras podem ser vistas nos  museus mais importantes do mundo. Essas informações são só para lembrar que nos próximos dias as cidades de Tabira e São José do Egito vão reviver essa poética. É que ambas serão visitadas  com o Projeto Ciclo do Cordel.

O projeto Ciclo do Cordel levará formação gratuita na área de cultura popular aos alunos de duas escolas municipais: a Adeildo Santana Fernandes (em Tabira) e Helena Maria de Siqueira Brito (em São José do Egito). Os dois municípios ficam a cerca de 400 quilômetros do Recife e receberão integrantes do Clube do Cordel, que darão formação gratuita simultânea nos dias 17 e 21 de junho. E no dia 22, tem sarau online às 16h.  Os alunos das escolas receberão formação teórica e prática sobre a origem da Literatura de Cordel, suas especificidades técnicas de criação (métrica, rima e oração), escrita criativa, seus meios de circulação, entre outros dados técnicos da manifestação popular. A formação terá um total de 40h/ aula por oficina. Serão oficineiros os integrantes do Clube do Cordel: Natália Oliveira, Carla Santana, Francisca Araújo, Thaynnara Queiroz e  Nilson Gonçalves.

A idealizadora do projeto é Bruna Vitrolira, Francisca Araújo é proponente, e Taciana Enes assinou a produção executiva. A ação tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, através do Funcultura. Durante a formação, os alunos ainda serão apresentados aos principais cordelistas do repertório popular, além de destaque para a produção literária feminina. O curso também oferece a criação (diagramação) e impressão de folhetos de cordel.  A iniciativa deverá chegar a outras cidades do interior pernambucano. O “Clube do Cordel” é uma ação estilo “Clube de Assinaturas”, que organiza editais e promove a impressão de diversos tipos de Cordel de artistas independentes. Mais informações  do projeto em instagram.com/clube.do.cordel, enquanto a resultado das formações pode ser assistida através do link youtube.com/@clubedocordel8022 .

Nos links abaixo, você confere mais informações sobre o cordel.

Leia também
Poesia oral tem nova cara
Sítio da Trindade tem a peleja de Leandro na trilha do Cordel com acesso gratuito
Janeiro de Grandes espetáculos: Cordel operístico festeja Luiz Gonzaga no Parque
Encontro de cantadores: Nando Cordel, Renato Teixeira e Xangai no Guararapes
Tacaruna e RioMar lembram época junina com exposições gratuitas
Dia Mundia da Limpeza: a praga da sujeira no mundo e a lição do Cordel
Saga de Bruno Ribeiro vira cordel
Aula de cordel no Pátio de São Pedro
Médicos orientam pais com livro em linguagem de cordel
Cais do Sertão tem cinco horas de cantoria, repente e viola
Tributo a Altino Alagoano que não era ele, era ela: O viulino do diabo
Cais do Sertão mostra arte de J. Borges
Dedé Monteiro, o Papa da Poesia
Oficinas de xilogravura fazem sucesso
Xilogravura se aprende no Instituto Ricardo Brennand
Samico, o devorador de estrelas
O mundo fantástico de J. Borges
Cais do Sertão mostra arte de J. Borges
J. Borges lança cinco álbuns inéditos

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação e Acervo #OxeRecife