O conteúdo do Blog #OxeRecife resulta normalmente de observações durante as caminhadas que faço, a pé, por diversos bairros da cidade. Por cinco semanas, no entanto, estive privada desses “passeios”, devido ao pé imobilizado, por conta de acidente, como já disse antes, provocado por uma calçada assassina, das muitas que a gente se defronta, todos os dias, no Recife. No meu caso, já é a terceira vez, que “engesso” o pé, por conta de torções, fraturas ou outros problemas provocados por calçamento ou calçada irregular. Acho que tenho mania de andar olhando as estrelas e as flores das árvores. Mas agora, estou caminhando com os olhos rigorosamente no chão. Também nas nossas raízes. Ou melhor, das árvores de nossas ruas.

Meus acidentes, em épocas diferentes, ocorreram nos seguintes bairros: Dois Irmãos (em frente à UFRPE), Boa Vista (próximo à Faculdade de Direito), Casa Forte (na Rua Jacó Velosino), esse último o mais recente e, também, o mais grave. Foi provocado por uma depressão na calçada. As depressões, mesmo pequenas, são as armadilhas mais perigosas, porque os buracos grandes não passam tão despercebidos. E, ironia, eu estava fazendo fotos, para mostrar exemplos de boas calçadas, jardinadas e conservadas naquela via, quando uma pequena irregularidade foi suficiente para o contratempo tão desagradável. Detalhe: nenhum dos acidentes foi provocado pelas árvores. Ou melhor, por suas raízes.
Ainda estou na fisioterapia, e somente retomei as caminhadas na segunda-feira. Aos poucos, e devagar. Para quem caminhava em ritmo ligeiro, uma hora e meia por dia… Dá um pouco de impaciência, mas é assim mesmo…Faço hoje a primeira observação de meu retorno às nossas ruas, onde cerca de 5 mil árvores foram erradicadas, desde 2013. As plantas sempre levam a culpa. Os órgãos púbicos justificam para o corte que elas estão atrapalhando o passeio público, que ameaçam cair, que danificam as calçadas. Não sei se há um padrão de tamanho de canteiro para as árvores das calçadas, mas pelo que se vê nas ruas, esse padrão não existe. Ou se existe, não é seguido. Esses dois exemplos do post ficam na Estrada das Ubaias, Casa Amarela, Zona Norte do Recife. O primeiro exemplo, com as raízes totalmente sufocadas, está em frente ao Edifício Barão de Granito (número 572). Poucos metros adiante, a gente observa outro exemplo, em frente ao Condomínio Morada das Oliveiras (número 670), onde o canteirinho feito em forma de quadrado, não impede a árvore de crescer e do risco de ser condenada à motosserra insana, sob a justificativa de que danifica a calçada.
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife