Reisado vira patrimônio cultural e imaterial de Pernambuco e pode ser reconhecido pelo IPHAN

Um dos folguedos típicos do ciclo natalino e até invocado em espetáculos sobre a data religiosa – como é o caso do auto de Natal  Baile do Menino Deus – o reisado é agora Patrimônio Imaterial de Pernambuco. O reconhecimento já passou por todos os caminhos burocráticos, só faltando a assinatura de decreto ratificando o título, por parte do Governador Paulo Câmara (PSB). A informação foi divulgada hoje pela Secretaria de Cultura de Pernambuco. O processo correu rápido, pois teve início em 10 de setembro de 2022, sendo formulado pelo Coletivo Movimento Viva Reis.

Porém o caminho para o reconhecimento começou a ser traçado bem antes. É que entre os anos de 2012 e 2014, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e a Secretaria de Cultura do Estado realizaram o Inventário Nacional de Referências Culturais do Reisado em Pernambuco, promovendo a pesquisa para identificação desta expressão cultural, destacando as singularidades de sua presença nas diferentes regiões do Estado. A investigação encontrou grupos de Reisado tanto no Recife, quanto no Agreste (Garanhuns, Capoeiras, Águas Belas, Paranatama, Pedra) e também no Sertão (Arcoverde, Sertânia, Pedra, Petrolina, Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande e Tacaratu). Publicado o decreto governamental, o Reisado passa a figurar no Livro de registro do Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco. A partir de então, haverá a elaboração do plano de salvaguarda, com a participação da comunidade.

O enredo dos autos encenados no Reisado em Pernambuco dá-se comumente com os seguintes elementos: Marchas de Rua, Pedido de Abrição de Porta, Marchas de Entrada de Sala, Louvação aos donos da casa, Louvação ao Divino, Guerra e Retirada. Os autos são entremeados com danças dramáticas, como as Guerras Totêmicas e a Farsa do Boi; com peças cantadas de motivos românticos ou circunstanciais; e com as Embaixadas, que são partes declamadas.  Os entremeios são as apresentações, com ou sem falas e diálogos, de personagens humanos ou animais com roupas, nomes e gestos próprios. Costumam ocorrer nos momentos em que os músicos param de tocar, mas também podem ser realizadas com a música caraterística do personagem. Os entremeios mais comuns são: Zabelê (Jaraguá), Cavalo-marinho, Sapateiro, Boi, Urso e Anastásia.

Os principais personagens do Reisado são o rei, a rainha, o mestre, o contramestre, os embaixadores, os figurantes e um Mateus, sendo acompanhados ao menos por um violeiro, mas é comum terem mais músicos. O rei, o mestre e contramestre começam a história, seguidos dos dançadores de entremeios. Cada personagem do Reisado possui uma indumentária ricamente elaborada que o distingue e o saber-fazer e a estética dessas indumentárias são importantes para essa expressão cultural. A presença de guerreiros e batalhas, em alusão à luta entre cristãos e mouros, mas sobretudo a presença de animais nos entremeios distingue o Reisado no Nordeste.

Em 12 de dezembro de 2014, a Secretaria de Pernambuco formalizou junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan , o pedido para o registro do Reisado de Pernambuco,também, como Patrimônio Cultural do Brasil. A partir do requerimento de registro do Reisado de Pernambuco, o Iphan pronunciou-se a favor da ampliação da abrangência da pesquisa para a região Nordeste, no sentido de verificar aspectos semelhantes e singularidades do Reisado, Folias de Reis e Ternos de Reis em outros estados, alterando a nomenclatura do processo para Registro dos Reisados do Nordeste. O processo segue aguardando complementação da pesquisa e está disponível para consulta no link: portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/1564.

Veja vídeo de reisado no Sertão

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Texto:Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Marcos Pastich / PCR, Prefeitura de Arcoverde / Acervo #OxeRecife
Vídeo: Letícia Lins / Acervo #OxeRecife

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