Quem for hoje andar pelo Poço da Panela, seguindo a programação do Olha! Recife, não deve perder oportunidade de observar o quanto “reformas” inadequadas em velhos casarões contribuem para poluir a paisagem do Recife. Um exemplo pode ser observado saindo-se da Praça de Casa Forte, ponto de encontro do grupo que fará a caminhada nessa quarta-feira.

É que o velho casario da Avenida Dezessete de Agosto – antes um dos mais harmoniosos da cidade – se modernizou, através de adaptações principalmente para o comércio. Falta sensibilidade estética aos empreendedores e esforço de fiscalização à Prefeitura. Afinal, casas antigas têm mais é que ser preservadas, através de uma série de exigências aos seus ocupantes.

Mas pelo que consta, nada disso é observado. Não só a Avenida Dezessete de Agosto mas também a Rua Apipucos, possuem lindos casarões do século passado, e alguns datados do século 18. Houve quem os preservasse, como padarias (Confeitaria Nordestina), bares (Venda de Seu Antônio), restaurantes (Bistrô Modigliani) e algumas barbearias e salões de beleza.

O abismo estético é gritante entre os casarões preservados e aqueles que “modernizaram” as fachadas, sempre para pior. Muitas casas antigas perderam por completo as características, o que contribui para violentar personalidade de nossa cidade. Não é à toa que meu amigo Josué Nogueira decidiu criar uma página no Facebook chamada Antes que suma. Se a sociedade civil não se mobilizar contra os crimes contra a nossa graciosa arquitetura, tudo se acaba mesmo.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife