#RecifeEmergênciaClimática (3)

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É impressionante como o centro do Recife começa a ficar “pelado” do verde tão necessário ao nosso conforto térmico. Durante  percursos que faço com grupos que costumam explorar a cidade a pé – como o Bora preservar, o Preservar Pernambuco, o Olha! Recife e o Caminhadas Domingueiras – é muito fácil percebermos que bairros tradicionais como Santo Antônio e São José estão a um passo de  se transformarem em grandes ilhas de calor.  Isto é, se já não o são. Lembro que em um dos últimos percursos que fiz no Caminhadas Domingueiras, com Francisco Cunha, ao final do passeio tínhamos passado por uma dúzia de ruas sem uma árvore sequer. Fui contando, por conta da cruzada #ParemDeDerrubarÁrvores, desencadeada pelo #OxeRecife, na nossa cidade, que virou  palco de constante arboricídio.

Nesta semana, um dos meus companheiros de caminhadas e trilhas, Alexandre Cesário Trindade,  me enviou uma fotografia da Rua das Calçadas, pela qual já passamos muitas vezes em nossos roteiros. A via estreita fica no tradicional bairro de São José. E ele lembrava exatamente como aquela artéria, um das mais movimentadas do comércio popular em épocas sem pandemia, está cada vez mais árida. Não só pela poluição visual das lojas (que não respeitam as antigas e bonitas fachadas dos seus prédios) como também pela ausência total de verde. É fato que a rua é estreita e as calçadas não são largas. Mas há solução paisagística para tudo. Plantas decorativas  existem para quebrar a aridez dos pequenos espaços, não é mesmo?

Ruas do centro e de grande movimento estão cada dia mais áridas no Recife, inclusive no bairro de São José (ACT)

Infelizmente esse tem sido um problema geral no Recife, cuja política de arborização deixa muito a desejar, o que contribui para que a cidade, que é tão bonita, se torne menos atraente.  Não é porque uma área é comercial, que deve ser desprovida de  plantas, jardins. Mas, infelizmente, o nosso centro está ficando assim, uma verdadeira tristeza.  Cada vez mais árido. A falta de cuidado com a natureza, é visível nas praças, nos jardins, nos parques do Recife. Até mesmo em avenidas com recente histórico de requalificação, como é o Caso da Avenida Boa Vista, onde as pequenas plantas ali recentemente colocadas estão morrendo de inanição. Há poucos dias, um leitor do Jornal do Commercio reclamou das plantas mortas na Conde da Boa Vista. Poucos dias após, havia respota da Prefeitura. “A planta foi substituída”. Nesse caso, muitas serão. Porque elas não recebem os cuidados necessários. Situação idêntica se percebe nos grandes jarros que interditam o trânsito na Avenida Rio Branco.  Vivem com as plantas secas ou mortas. A situação só melhora com as chuvas.

Por motivos como estes, além da #ParemDeDerrubarÁrvores , o #OxeRecife passou a computar, também, as ruas áridas da cidade, na  série com a hastag #RecifeEmergênciaClimática. Sejam da região central ou de bairros, desde os mais sofisticados até os mais populares. Com a pandemia e o isolamento social, as caminhadas em grupos estão suspensas e também não tenho andado sozinha pelas ruas, como costumo fazer todas as manhãs, pois a máscara me sufoca. Mesmo assim, os registros permanecem, na medida do possível. Já são 244 postagens aqui no Blog de árvores eliminadas da paisagem do Recife, com 467 vítimas da motosserra insana, do arboricídio. Tudo registrado com data, endereço, fotografia. O levantamento abrange áreas públicas e privadas, onde também há ações que são verdadeiros crimes ambientais, como o envenenamento de árvores adultas e frutificando, só para abrir vagas para estacionamento. Um horror. Quanto ao Recife da Emergência Climática, estávamos começando a série, quando veio a pandemia. Mas não é por esse motivo que iremos nos omitir de um problema cada vez mais grave em nossa cidade.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Alexandre Cesário de Trindade/ Cortesia

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