“A Prefeitura do Recife, que vem colecionando bons exemplos de gestão em diversas áreas como a educação, com a ampliação de vagas de creche e programas de alfabetização na idade certa, a transformação digital, com o Conecta Recife e diversas aplicações em prol dos cidadãos, a segurança cidadã, como a rede Compaz, entre outras iniciativas, agora se destaca também com o Programa Recentro, de revitalização do Centro da da cidade”. Meu Deus, não acredito no que estou lendo…. “Programa Recentro vira modelo no Rio de Janeiro”. Essa informação foi distribuída pela Prefeitura para os órgãos de informação neste final de semana.
Tudo bem. Há conquistas nas outras áreas, como educação; segurança preventiva (Compaz); implantação de Parques; praças da infância; Programa Mais Vida; Rua Tinindo; Tá Aprumado Praças, avanços digitais, que nos permitiram ter – por exemplo – um atendimento vip durante a fase pior da pandemia da Covid 19, quando marcávamos vacinação no Conecta Recife e não esperávamos nem 10 minutos na fila de imunização. Pelo menos, no meu caso foi assim. Também há muitas facilidades em puxarmos débitos de IPTU na Internet. Mas quando o assunto é Recentro, sinceramente, vocês estão vendo alguma melhora em bairros como São José, Boa Vista e Santo Antônio? A paisagem dessas áreas melhorou em quê com o Recentro? O Centro do Recife está mais aprazível, frequentável? Como explicar, então, mais de 40 lojas fechadas na Rua da Imperatriz e mais de 15 na Duque de Caixas, principal via de acesso ao ainda popular comércio do chamado vuco-vuco?
Segundo a Prefeitura, “as boas práticas e ações concretas” do Recife foram mostrados no final de outubro na Universidade Federal do Rio de Janeiro. E voltam a ser apresentadas, na terça (5/11), em Campo dos Goytacazes, também no Rio. “A pauta de revitalização do Centro do Recife tem sido um compromisso da Prefeitura do Recife tanto no cuidado e na manutenção dos prédios históricos como no desenvolvimento econômico, cultural e artístico, possibilitando a concessão de incentivos fiscais para empresários que cumprem os requisitos de restauração, pintura e manutenção e têm seus projetos de negócios aprovados”. Tá, e o resultado disso tudo onde está, que ninguém vê?
“Entre as discussões que sempre permeiam o ambiente de pesquisa urbanística e suas modificações, estão o fato da lógica do comércio, que antigamente era pulsante nos centros urbanos, mas que foi perdendo espaço com a consolidação dos shoppings centers com o conforto e comodidade que eles oferecem de climatização e estacionamento. E também a visão de que a gestão pública aliada a grandes parceiros da iniciativa privada são capazes de revitalizar e devolver vida aos centros das cidades”. Será que a culpa do esvaziamento do Centro tem a ver só com o conforto dos shopping centers? Ou faltam atrativos (equipamentos urbanos, canteiros floridos, locais de convivência, bulevares dignos deste nome) e serviços (limpeza urbana, segurança pública, fiscalização contra atentados estéticos, Xô coisa feia…) que terminam por afastar a população de ruas como a Nova e Imperatriz?
“A governança do Recentro tem sido bem sucedida porque investimos no diálogo permanente com os atores estratégicos, temos de forma permanente articulação com os lojistas e, valorizamos demais a escuta, afinal temos o mesmo objetivo: que é a revitalização do Centro”, afirma, Ana Paula Vilaça, Coordenadora do Recentro. Mas… será que isso é tudo? Tá bom… Conversas existem… Mas… e se os participantes das duas reuniões do RJ se oferecem para ver o resultado do trabalho do Recentro no Recife, vai se mostrar – na prática – o quê em Santo Antônio, Boa Vista, São José? Evoluíram para melhor em quê, finalmente? O Recife é uma cidade bonita, é verdade. Basta contemplar a foto acima. Mas quando se anda pelas ruas… é esgoto estourado, calçada esburacada, lojas fechadas, pedintes dormindo sob marquises, prédios históricos desfigurados, ruas áridas, falta de conforto térmico, assaltos à luz do dia …
Temos, sim, uma bonita cidade mas, infelizmente, aqueles que cuidam do centro têm muito é bla-blá-blá porque resultado concreto, prático, até agora… ninguém sabe ninguém viu. E a situação só piora. É só andar por ruas e avenidas como Aurora (do lado da Boa Vista), Hospício (em toda a extensão), Manoel Borba, Dantas Barreto, Guararapes, para se ver o tamanho do estrago. No filme “Retratos Fantasmas”, Kleber Mendonça mostra o então galã dos anos 1950, Tony Curtis e sua mulher, Janete Leigh, parando na Ponte Duarte Coelho para tirar… fotos, aquilo que hoje chamam de selfie. E Henry Fonda, que já andou passeando no final da tarde pela Praça Maciel Pinheiro… Que impressão teria, hoje um astro internacional do cinema, se caísse do céu no centro do Recife? Dê o seu palpite.
Entre as práticas que serão apresentados em Campos dos Goytacazes, Ana Paula Vilaça vai tratar sobre as ações do prefeito João Campos de fomentar legislações específicas que beneficiam quem quer empreender no local. Entre elas: “o Atende Recentro, ação realizada há uns dias que visou desburocratizar os documentos oficiais dos proprietários de imóveis e investidores junto a diversos órgãos como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Bombeiros e Cartório de Notas, por exemplo; a importância de se fazer chamamento público para envolver empresas nesta reconstrução, como aconteceu com a Boticário que, através de artistas locais, criaram um grande mural de arte na intitulada Rua dos Amores. Quanto a esse mural, que foi muito instagramável, quando implantado, até já havia sumido meses depois.. Mas felizmente, foi substituído recentemente por um outro e e está, de novo, em bom estado.. Assunto que retornarei aqui no #OxeRecife. Pois fui lá, só para conferir.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
Fico estarrecida e indignada com a propaganda enganosa do Recentro.
Sim,porque quem conhece o centro do Recife,sabe muito bem que a realidade é completamente diferente.
Prédios históricos abandonados e / ou mutilados esteticamente;falta de fiscalização; falta de limpeza das ruas;calçadas esburacadas;poluição visual da rede elétrica;falta de sinalização.
O Recife que é mostrado pelo Recentro é uma cidade virtual ,com toda a maquillage digital que a transforma e a qualifica para servir de exemplo para o Rio de Janeiro.
Na era virtual, a realidade se transforma para o bem( e para o mal…) conforme os interesses dos gestores .