Com o fim de junho, encerra-se a temporada de quadrilhas, forrós, arraiais. Mas isso não quer dizer que você vai ficar parado. Principalmente se gosta de música e de saber a origem de cada gênero. Quem curte blues, rumba e jongo já tem para onde ir, a partir da sexta, 4 de julho. É que um dia antes, quinta (3/7) estreia no Recife – em sessão para convidados – o documentário “Razões Africanas”, que explora a influência da diáspora africana na formação daqueles três ritmos. Dirigido por Jefferson Mello, o filme segue a jornada de três personagens em seis países, e revela as origens comuns a esses estilos musicais, que se espalharam pelo mundo.
O início da sessão de estreia está marcado para 19h30, na Sala Derby da Fundação Joaquim Nabuco (Rua Henrique Dias, 609, Derby, área central do Recife. A narrativa começa em Angola e traz um retrato profundo e íntimo desses gêneros musicais e sua identidade cultural. Os três personagens do filme que simbolizam cada ritmo são: a brasileira Lazir Sinval, a cubana Eva Despaigne e o americano Terry ‘Harmonica’ Bean. Por meio de depoimentos e cenas do cotidiano, eles revelam suas origens africanas comuns a aqueles estilos musicais, valorizando as respectivas tradições e culturas. O filme passa pelo Brasil, Cuba, Estados Unidos, Angola, República Democrática do Congo e Mali.
Entre 2023 e 2024, “Razões Africanas” foi selecionado para mais de dez festivais de cinema internacionais. Entre eles, a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o Festival de Cinema de Havana e o Festival Pan-Africano de Cinema e Artes em Los Angeles. Foi o vencedor do prêmio de Melhor Documentário Especial pelo Júri no Festival “Cinema on the Bayou”, em Louisiana (EUA). E, também, foi considerado o Melhor Documentário no Festival Internacional de Cinema Africano da Argentina. No final do ano passado, o filme teve sessões especiais em Angola.
Ao longo de quatro anos, o diretor Jefferson Mello percorreu os seis países em busca das raízes africanas daqueles três ritmos que marcaram a história da humanidade. Viajando sozinho, ele optou por trabalhar com profissionais locais em cada país, reunindo olhares e vivências que enriquecem o filme com autenticidade e potência. A obra fala sobre o sequestro dos africanos, mas também sobre a força de um povo que resistiu — e que se expressa por meio da música até hoje. É, pois, um documentário de estrada sobre ancestralidade, música e resistência.
O filme é uma produção da Tremè Produções, em coprodução com a Carmela Conteúdos e conta com patrocínio do Instituto Cultural Vale e da A&M Álvares Marsal. A distribuição também é da Tremè Produções. Já o diretor Jefferson Mello é fotógrafo de moda e publicidade, diretor de fotografia, empreendedor e documentarista com uma trajetória especializada na diáspora. Dedicou duas décadas capturando a essência do samba e do jazz no Brasil e em Nova Orleans. Com uma jornada que abrange 12 países, explorou as raízes do jazz, percorreu o sul dos Estados Unidos e criou um livro de fotografias sobre o universo do jazz de nome “Os caminhos do jazz”. Dirigiu o documentário “Samba & Jazz”, refletindo seu compromisso com a representação da música afro e da ancestralidade africana nos ritmos musicais.
Dê uma conferida no trailer de “Razões Africanas”
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Serviço
Estreia do filme “Razões africanas”
Quando: Quinta, 3 de julho
Horário: 19h30m
Onde: Cinema da Fundação, Sala Derby
Endereço: Rua Henrique Dias, 609
Quanto: Estreia gratuita para convidados
A partir de 4/7 entra em cartaz com preços normais, no mesmo cinema do Derby. Confira os horários das sessões: Quinta, estreia (3/7) e terça (8/7), às 19h30m; sexta (4/7), às 16h15m; sábado (5/5), às 20h; domingo (6/7), às 14h30m; segunda (7/7), às 15h30m; quarta (9/7), às 15h30m.
Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos e vídeo: Divulgação/ Tremè Produções